A acupuntura veterinária é uma terapia complementar de origem Oriental, que data os anos 50 de seu início no Ocidente. Entretanto, foi em 1996, que a Associação Médica Veterinária Americana (AVMA) aprovou a acupuntura como parte integrante da profissão. Apesar do amplo respaldo científico, a especialização nesse ramo foi aprovada pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, somente em 2014.
A acupuntura consiste na estimulação de regiões pontuais do corpo, que exercem eficácia terapêutica. Esses acupontos estão associados a trajetos energéticos, que foram mapeados por antigos mestres chineses. Essas áreas cutâneas geralmente são compostas por numerosas terminações nervosas livres, feixes e plexos nervosos, além de vasos linfáticos, capilares e vênulas. A literatura cita três categorias de acupontos: Regulares, Extras e pontos Ashi.
O estímulo dos pontos em questão consiste-se na produção de calor, que pode ser gerado de forma física ou química, por meio da tradicional inserção de agulhas, mas também por moxabustão indireta, aquapuntura, eletroacupuntura e outras. Esse estímulo local apresenta um efeito reflexo, ou seja, a incitação provocada em uma região do organismo pode atuar sobre outras, por isso a acupuntura é considerada uma terapia reflexa.
O mecanismo de ação dessa terapia se fundamenta no aumento da liberação de neuropeptídeos nas terminações nervosas estimuladas e, portanto, seu principal efeito é a neuromodulação. Além disso, o objetivo da acupuntura é atuar no restabelecimento da homeostasia de todo o organismo do paciente.
As vantagens dessa técnica oriental são vastas e assim como em seres humanos, pode-se utilizá-la em animais de todos os portes, idade e sexo. Seu uso é bastante observado em desordens neurológicas, músculo-esqueléticas, para a regulação das funções orgânicas, para a ativação de processos regenerativos, modulação da imunidade, das funções endócrinas, autonômicas e nos transtornos mentais.
O uso da acupuntura nos animais empregados em atividades esportivas tem proporcionado benefícios contra as dores físicas, e também contra a exaustão gerada pela prática. Nas atividades equestres, por exemplo, busca-se o melhor desempenho possível dos equinos, porém aliado ao bem-estar do animal, o que requer alternativas terapêuticas, tanto para se diminuir a administração de medicamentos, quanto para prevenir ou minimizar os efeitos deletérios do estresse no animal.
Em pequenos animais, observa-se o emprego da acupuntura no tratamento principalmente das afecções de origem neurológica, urinária, musculoesquelética e gastrointestinal. O uso da técnica, como tratamento adjuvante, em cães portadores de epilepsia idiopática tem demonstrado importantes resultados, especialmente naqueles refratários aos anticonvulsivantes, uma vez que a acupuntura pode diminuir a severidade e a frequência das crises epiléticas.
Com o aumento da expectativa de vida dos animais de companhia, faz-se necessário melhorar a qualidade de vida e o equilíbrio físico e mental dos mesmos, já que passam a apresentar doenças degenerativas, neoplasias e também dores crônicas. Relata-se que a associação da acupuntura a fármacos quimioterápicos auxilia na prevenção dos efeitos colaterais como as náuseas e os vômitos, além de amenizar a dor proveniente da doença. Em animais acometidos por doença articular degenerativa percebe-se a melhora pelo tratamento, devido ao aumento do ângulo de movimentação da articulação e a ação anti-inflamatória promovida pela acupuntura.
Há poucas contra-indicações para o uso da técnica, mas é imprescindível que ela seja realizada por um profissional especializado e em ambiente propício ao animal, para que a ocorrência de fugas ou traumatismos sejam suprimidas. Sugere-se também que o procedimento não seja realizado em animais convalescentes, com alterações hemostáticas, em fêmeas gestantes ou em superfícies tumorais.
Sabe-se que uso isolado da acupuntura ou sua associação à terapia convencional proporcionam um maior bem-estar aos animais enfermos. Entretanto, as sessões precisam ser realizadas na periodicidade estabelecida pelo especialista veterinário, haja vista que muitas enfermidades são incuráveis e o controle das mesmas irá depender do rigor do tratamento.
REFERENCIAS
Taguti EM. Acupuntura veterinária em pequenos animais. Monografia [bacharelado]. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, 2009.
Villas-Boas et al. Effect of acupuncture on stress responses in equine athletes submitted to dressage. Brazilian Journal of Veterinary Medicine, v39(4):221-230p, 2017. DOI: 10.29374/2527-2179.bjvm020517
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