O termo alelopatia tem origem grega, surgindo da união das palavras allelon (de um lado para o outro) e pathós (sofrer), significando mútuo e prejuízo, respectivamente. O conceito descreve como um indivíduo, planta ou micro-organismo pode exercer influência sobre o outro, de modo a lhe causar benefícios ou malefícios. Esta ação é regulada por compostos químicos, conhecidos como substâncias alelopáticas, também denominados aleloquímicos ou produtos secundários.
A interação alelopática pode ser definida como uma série de processos que envolvem a síntese de produtos secundários por plantas, algas, bactérias e vírus, de modo a influenciar no crescimento e desenvolvimento de sistemas biológicos e agrícolas.
Os organismos vivos apresentam muitas formas de se comunicarem entre si, sendo que a comunicação química é feita através de substâncias denominadas agentes semioquímicos. Nesta situação, há a interação entre um agente doador, que sintetiza e emite os compostos semioquímicos específicos e, o agente receptor, que irá detectá-los, seja através de sensores ou receptores moleculares. Dentre esses, estão os feromônios e os aleloquímicos, que apresentam ação distinta. Os feromônios são produzidos pelos organismos e excretados no ambiente, sendo detectados por indivíduos da mesma espécie, provocando mudanças específicas no comportamento deste segundo. Exemplos são os feromônios sexuais, úteis na reprodução, pois provocam a atração entre o macho e a fêmea. Nos cães, durante a reprodução, há a liberação de feromônios pelas cadelas que irão atrair os machos, que independente da raça, pertencem à mesma espécie, mas não atrairão porcos, por exemplo. Já os aleloquímicos são biomoléculas intermediárias, que atuam na interação entre dois indivíduos pertencentes a espécies diferentes. São comuns na interação entre plantas e insetos. Assim, enquanto os feromônios atuam na comunicação intraespecífica, entre membros de mesma espécie, os aleloquímicos passam a atuar na comunicação interespecífica, entre espécies distintas.
Os aleloquímicos apresentam terminologias específicas, de acordo com a natureza do agente doador e do receptor dessas substâncias. São assim divididos em três classes: os alomônios, cairomônios e sinomônios.
Considerando que as plantas são imóveis, a principal função dos aleloquímicos por elas produzidos será a proteção ou defesa contra o ataque de herbívoros, fitopatógenos ou à invasão de outras plantas. De acordo com a estrutura química desses aleloquímicos, podem ainda ser divididos em cinco grupos: ácido cinâmico, flavonoides, terpenoides, esteroides e alcaloides. A maioria desses compostos ocorrem na forma de glicosídeos, substâncias que podem ser tóxicas. Assim, os glicosídeos se combinam com açúcares e perdem sua toxicidade, se tornando inócuas para a planta.
O estudo das substâncias químicas que intermedeiam as relações entre organismos pertencentes a mesma espécie, ou entre espécies diferentes, possibilita o avanço e a descoberta de novos compostos para o manejo de pragas.
Bibliografia:
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Thomazini, Marcílio José. A Comunicação Química entre os Insetos: Obtenção e Utilização de Feromônios no Manejo de Pragas. EMBRAPA Digital, Capítulo 17. Disponível em < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/56267/1/CAP-Marcilio.pdf>.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/aleloquimicos/
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