Interação medicamentosa

Atualmente temos uma infinidade de medicamentos disponíveis, para as mais diversas enfermidades, que permitem não somente o tratamento, mas a prevenção e o diagnóstico de doenças. Porém, a prescrição de mais de um medicamento associado, aumenta as chances da ocorrência de uma interação medicamentosa.

Interações medicamentosas são respostas especiais de um fármaco, que teve seu efeito alterado pela presença de outro fármaco, alimentos, bebida ou agentes químicos ambientais. Essas respostas podem resultar em uma potencialização do efeito terapêutico, ou seja, no aumento do efeito, ou na redução da resposta. Desta forma, estão relacionadas como a principal causa de efeitos adversos.

Vale ressaltar que nem toda interação é nociva ao organismo. Existem interações que são benéficas, como aquelas observadas pelo uso de anti-hipertensivos e diuréticos, onde os anti-hipertensivos têm o seu efeito aumentado. Em processo de sedação, a associação de hipnóticos, analgésicos e bloqueadores neuromusculares são necessários, para manter um completo estado anestésico do paciente. Contudo, existem interações que podem acentuar os efeitos adversos, resultando na ineficácia do tratamento, ou ainda, podendo levar ao óbito. A associação de álcool com barbitúricos, por exemplo, pode levar o indivíduo ao estado de coma.

Desta forma, quanto mais medicamentos o paciente fizer uso, maiores serão as chances da ocorrência de interações medicamentosas. A idade do indivíduo também pode aumentar a probabilidade de ocorrência, devido a órgãos como o fígado e rins terem suas atividades reduzidas em pessoas idosas. Outros fatores incluem a constituição genética, doenças associadas, tipo de alimentação, além das características relacionadas ao próprio fármaco, como a via de administração, dose e intervalo entre as tomadas.

As interações medicamentosas podem ser classificadas quanto a sua origem e gravidade.

Quanto a sua origem, as interações medicamentosas podem ser divididas em:

  • Interações farmacocinéticas: resultam da interação entre fármacos afetando a absorção, biotransformação, distribuição e/ou excreção, alterando a velocidade e/ou extensão com que ocorrem esses processos;
  • Interações farmacodinâmicas: quando os fármacos competem pelo mesmo sítio de ação, deslocando o outro fármaco, que pode ter sua concentração plasmática aumentada;
  • Interação de efeito: ocorre quando dois fármacos administrados simultaneamente apresentam efeitos terapêuticos similares ou opostos, podendo produzir efeitos sinérgicos (aumento da resposta) ou o antagonismo (redução ou ausência do efeito) do outro fármaco, porém sem afetar a farmacocinética ou mecanismo de ação;
  • Interações físico-químicas: ocorrem in vitro, ou seja, antes da administração ao paciente, resultando em incompatibilidade entre os fármacos dentro da seringa, soro, ou qualquer outro recipiente.

Outra classificação aborda a gravidade dos efeitos resultantes da interação medicamentosa, que pode ser:

  • Interação contra-indicada: quando dois ou mais fármacos não podem ser administrados em associação;
  • Interação grave: quando coloca em risco a vida do paciente, tendo que mobilizar equipe médica para reverter ou prevenir os efeitos adversos;
  • Interação moderada: quando a resposta resulta em exacerbação do quadro clínico do paciente, que pode requerer alteração na farmacoterapia;
  • Interação mínima ou menor: quando ocorrem efeitos clínicos restritos, que em geral não requer uma mudança na terapia medicamentosa.

Ao conhecer as principais características e fármacos relacionados às interações medicamentosas, profissionais de saúde podem otimizar o tratamento, reduzindo a taxa de reações adversas, bem como os gastos relacionados a hospitalizações por essas razões.

Referências bibliográficas:

SECOLI, SR. Interações medicamentosas: fundamentos para a prática clínica da enfermagem. Rev Esc Enf USP, v.35, n. 1, p. 28-34, mar. 2001. Disponível em https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1284825419v35n1a04.pdf.

Oliveira HD. Guia prático das interações medicamentosas dos principais antibióticos e antifúngicos utilizados no Hospital Universitário Júlio Muller. Disponível em: http://www.ebserh.gov.br/documents/17018/604511/GUIA+PR%C3%81TICO+DAS+INTERA%C3%87%C3%95ES+MEDICAMENTOSAS+DOS+PRINCIPAIS+ANTIBI%C3%93TICOS+E+ANTIF%C3%9ANGICOS+UTILIZADOS+NO+HOSPITAL+U.pdf/c4c4a1eb-4170-4e9b-86fe-b6975e7c3b8a.

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