Coloração de Wright

A coloração de Wright é uma técnica de coloração histológica, que utiliza de mistura de corantes com características neutras, tendo em vista corar os diferentes componentes presentes no núcleo e citoplasma das células. Tem como principal finalidade demonstrar os tipos celulares em esfregaços de sangue periférico, de medula ou provenientes de outra natureza. Ainda que as técnicas em hematologia tenham sofrido avanços, como a automação e o uso da biologia molecular, os testes de coloração se mostram indispensáveis, seja devido à simplicidade da técnica, ou em virtude ao curto tempo exigido para o emprego da coloração.

Dmitri Leonidovich Romanowsky, médico russo, desenvolveu em 1891 um método que utilizava de solução de corantes, com a capacidade de corar diferentes estruturas. A mistura de corantes incluía a eosina (corante ácido) e o azul de metileno (corante básico), dissolvidos em álcool, usualmente metanol. A partir deste método, foram propostas mudanças por diversos autores, de onde surgiram vários corantes derivados. A principal diferença entre esses derivados está na proporção que se utiliza do azul de metileno e de eosina, ou no método de tratamento empregado com o azul de metileno, antes de ser combinado à eosina.

Em 1902, James Homer Wright apresentou uma variação na técnica de Romanowsky, que utilizava uma combinação do corante azul de metileno, com o corante eosina Y, uma variação do eosina, de coloração vermelha. Ao colorir de forma específica, a técnica permitiu a diferenciação dos tipos de células do sangue, bem como de suas estruturas.

Princípio da coloração

A coloração dos diferentes componentes das células se dá por interação aos corantes. Desta forma, por afinidade, o corante básico passa a conferir coloração azul violácea aos grupamentos ácidos da célula, como os ácidos nucléicos, nucleoproteínas e grânulos basófilos, corando fracamente os grânulos de neutrófilos (coloração lilás). Neste processo, os componentes do corante básico que possuem forma de dímeros, ligam-se às moléculas aniônicas, como os grupos fosfato do DNA, por exemplo.

O corante ácido eosina irá corar de vermelho, rosa ou laranja os grânulos de eosinófilos e a hemoglobina, que possuem grupamentos com caráter básico, resultando na afinidade. No processo, a eosina que é considerada um monômero se liga aos sítios catiônicos das proteínas.

As plaquetas se apresentam púrpuras, com pontos avermelhados visíveis.

Segundo princípios de nomenclatura usual, diz-se que a coloração é ortocromática, quando a célula se cora da mesma cor do corante. Na coloração metacromática, a célula apresenta coloração diferente a do corante. As estruturas celulares que se coram pelo azul de metileno são denominadas basófilas ou basofílicas. Às estruturas com afinidade pela eosina, dá-se o nome de acidófilas ou eosinofílicas.

Amostras

O método de escolha para identificar a variedade de células do sangue periférico é o esfregaço sanguíneo. Trata-se de um teste utilizado na prática rotineira em hematologia, quando se solicita o hemograma ao paciente, sendo destinado a contagem e identificação de anormalidades celulares. Consiste na aplicação e extensão de uma fina camada de sangue sobre a lâmina de microscopia, que será corada e posteriormente analisada em microscópio. Assim, pode-se verificar variações na morfologia das células, bem como no número de leucócitos e plaquetas, determinando possíveis alterações hematológicas e até mesmo a presença de eventuais parasitas.

Além da coloração de esfregaço de sangue periférico, a coloração de Wright é usada principalmente em amostras de urina, de medula óssea e de biópsia por aspiração através de agulha.

Aplicação

Fornece subsídio aos profissionais de saúde, no diagnóstico de diversas doenças. Na citogenética, auxilia na determinação de possíveis síndromes, ao corar os cromossomos e indicar possíveis anormalidades. É amplamente utilizada na identificação de células brancas, ditas leucócitos, relacionadas à quadros de infecções. Também, é possível identificar diferentes tipos de anemia, trombocitose, leucemia, linfomas, insuficiência da medula óssea, além de outras patologias.

Bibliografia:

ABRAHAMSOHN, Paulo. Histologia. Guanabara Koogan, 2016.

Corante Wright. Disponível em .

Hematologia: Como é realizada a técnica de esfregaço de sangue? Disponível em < https://kasvi.com.br/esfregaco-de-sangue-hematologia/>.

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