A coloração dos animais é determinada por sua carga genética e expressa na sua forma externa, no que conseguimos ver, sendo assim dizemos que a coloração é determinada pelo genótipo e expressa pelo fenótipo.
A coloração dos pelos, pele ou pena pode ter diversas funções, mas antes de entrarmos nas funções, é importante entender a diferença entre dois tipos principais de coloração: a críptica e a aposemática. Alguns animais apresentam um tipo de coloração que os tornam quase indistinguíveis do ambiente em que vivem, a famosa coloração de camuflagem. Esse tipo de coloração dá aos animais a capacidade de “desaparecer” no ambiente, e a ela damos o nome de coloração críptica. Essa função adaptativa garante aos animais tanto proteção, ao passarem despercebidos por predadores, quanto vantagem para capturar as presas, uma vez também passam despercebidos pelas mesmas.
O outro tipo de coloração é a aposemática, também conhecida como coloração de aviso. Ao contrário da coloração críptica, a intenção aqui não é de se esconder, mas se mostrar. À princípio, se mostrar não parece uma estratégia inteligente, uma vez que pode facilitar a vida dos predadores, no entendo, animais com coloração aposemática costumam apresentar toxinas em seu corpo, logo, o quanto antes o predador “aprender” à evitar esses animais, melhor para os dois. Sendo assim, uma coloração evidente é uma ferramenta muito útil para facilitar esse reconhecimento.
Para entender o mimetismo fácil basta irmos na origem do termo, mimetismo vem de mimetés, que significa imitador. O animal mimético “imita” outro animal, podendo ser na coloração ou comportamento, mas aqui vamos focar na coloração. Existem dois tipos de mimetismo, o batesiano e o mulleriano. No batesiano, o animal mimético “imita” a coloração do animal aposemático, que geralmente possui toxinas, sendo assim o mimético que é inofensivo passa a ser interpretado como um animal a ser evitado. Um caso bem conhecido e que ocorre no Brasil de mimetismo batesiano são o das serpentes chamadas de falsas-corais. A serpente coral possui coloração aposemática e toxina extremamente perigosa, já as falsas-corais possuem coloração similar mas sem não são peçonhentas, no entanto estão protegidas pela coloração, que pode fazer como que os predadores não as distinguam das perigosas corais. Já no mimetismo mulleriano, várias espécies impalatáveis, ou seja, com toxinas que as protegem de predação, possuem coloração similar, o que aumenta a chance de sobrevivência de várias espécies.
A seleção sexual é uma outra teoria criada por Charles Darwin, também criador da seleção natural, e ela diz que apesar de algumas características apresentadas pelos animais aparentarem serem empecilhos para seu sucesso evolutivo, tornando-os mais vulneáveis à predadores por exemplo, elas tem uma outra função, a de atrair parceiros reprodutivos. Animais que apresentem uma coloração mais chamativa, ou alguma estrutura extravagante, como por exemplo a cauda do pavão, são bons indicativos de parceiros reprodutivos, uma vez que a coloração chamativa é um indício de que o animal está saudável e, no caso do pavão, se ele sobreviveu até a idade reprodutiva carregando um acessório que facilitaria sua predação, no caso a cauda, é sinal que ele é um parceiro reprodutivo interessante.
Algumas outras funções da coloração, especialmente da pelagem dos mamíferos podem ter outras funções, como um provável auxilio na regulação da temperatura corporal como no caso da cabra-de-leque (Antidorcas marsupialis), e para evitar parasitas, como o padrão listrado das zebras ajuda a evitar moscas tsé-tsé.
Referências
Caro, T. I. M. (2013). The colours of extant mammals. In Seminars in cell & developmental biology (Vol. 24, No. 6-7, pp. 542-552). Academic Press.
Cuthill, I. C., et al. (2017). The biology of color. Science, 357(6350), eaan0221.
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