Porco-da-terra

O porco-da-terra é um mamífero bem peculiar e único membro vivente da Ordem Tubulidentata, que contém também pelo menos mais seis espécies já extintas. O nome porco-da-terra é uma tradução livre da palavra africâner aardvark, onde aard = terra e varken = porco, mas, biologicamente falando, de porco ele não tem nada, uma vez que não são evolutivamente próximos. Seu nome científico, Orycteropus afer, remete às suas principais características e onde ele vive. Orycteropus é a junção de dois termos em latim, orukter, que significa “escavador” e opus que significa “pés”, ou seja, “pés escavadores”, já o afer remete à África, continente onde o porco-da-terra vive. Ele também é chamado de porco-formigueiro pelos seus hábitos alimentares, como falaremos mais adiante.

Características

Porcos-da-terra são animais relativamente grandes, podendo alcançar mais de dois metros de comprimento (da ponta do focinho até a ponta da cauda), quase 70 centímetros de altura e peso de até 100 kg. Possuem uma aparência bem distinta de qualquer outro animal. O focinho é longo, com um nariz bem avantajado e orelhas grandes. A cauda é longa e muito musculosa, os membros são curtos e fortes com quatro dedos nos membros dianteiros e cinco nos traseiros. Os membros apresentam, em suas extremidades, unhas grandes e curvas, utilizadas para escavação. Os olhos são pequenos e eles não conseguem enxergar cores. A boca é pequena e a língua grande a afilada, utilizada para capturar suas presas.

O distinto porco-da-terra, com seu nariz avantajado e orelhas grandes. Foto: Shongololo90 / iStock.com

Comportamento

Porcos-da-terra são solitários e noturnos, podendo ser vistos durante o dia apenas no inverno, quando as temperaturas são mais amenas e eles saem no final da tarde ou início da manhã. Enquanto não estão procurando alimento, passam o tempo todo descansando em suas tocas subterrâneas. As tocas podem ser utilizadas como abrigo temporário, permanente, ou ainda para procurar alimento. Essas tocas podem ter até três metros de comprimento. Esses buracos podem ser utilizados como abrigo por várias espécies, após os porcos-da-terra os abandonarem, como lobos-da-terra, mangustos e inclusive os javalis-africanos. Em casos de incêndio, já foram registrados vários animais se escondendo dentro das tocas dos porcos-da-terra até o fogo passar. Possuem o curioso comportamento de enterrar suas fezes, para evitar que o cheiro atraia outros porcos-da-terra ou mesmo predadores.

Reprodução

Os machos e as fêmeas só se encontram durante o período reprodutivo e a gestação pode durar até sete semanas, sendo que normalmente nasce apenas um filhote e raramente dois. Após nascer, o filhote permanecem na toca da mãe por duas semanas e depois desse período ele começa a acompanhar a mãe enquanto ela procura alimento. Aos seis meses ele já começa a cavar os próprios buracos e procurar alimento.

Hábitos alimentares

Os porcos-da-terra são insetívoros, ou seja, se alimentam de insetos, mais precisamente formigas e cupins. Eles utilizam o olfato para localizarem cupinzeiros ou formigueiros e, ao os encontrarem, eles utilizam as suas poderosas unhas para escavar a terra e conseguir alcançar suas presas. Porcos-da-terra são capazes de abrir cupinzeiros, que um humano com as ferramentas adequadas teria dificuldade, com extrema facilidade. Esse hábito pode ser benéfico para a agricultura, uma vez que os porcos-da-terra auxiliam no controle às populações desses insetos. Já é comprovado que em locais onde os porcos-da-terra foram extintos, a população de cupins aumentou consideravelmente.

Ameaças

Os porcos-da-terra já foram muito caçados por sua carne ou até por esporte. Além disso, partes do seu corpo também eram utilizadas em medicina tradicional e como ornamentos, como as unhas, a pele e os dentes. A carna dos porcos-da-terra ainda é uma iguaria muito apreciada e valorizada por comunidades de alguns países africanos. No Congo eles costumam usar fumaça para retirá-los das tocas e no Quênia os caçadores inundam os buracos.

Referências

Shoshani, J.; Goldman, C. A.; Thewisssen, J. G. M. 1988 – Orycteropus afer. Mammalian species, 300: 1-8.

Taylor, A. & Lehmann, T. 2015. Orycteropus afer. The IUCN Red List of Threatened Species 2015: e.T41504A21286437. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2015-2.RLTS.T41504A21286437.en. Downloaded on 18 August 2019.

Taylor, W. A., Lindsey, P. A., & Skinner, J. D. (2002). The feeding ecology of the aardvark Orycteropus afer. Journal of Arid Environments, 50(1), 135-152.

Taylor, W. A., & Skinner, J. D. (2003). Activity patterns, home ranges and burrow use of aardvarks (Orycteropus afer) in the Karoo. Journal of Zoology, 261(3), 291-297.

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