Crocodilo-do-nilo

Provavelmente, ao assistir algum documentário sobre a África, você se deparou com a cena de gnus tentando atravessar um rio, ou outro corpo d’água durante seu processo migratório. A cena é carregada de tensão, os gnus evitam entrar na água, mas a travessia é necessária. O que gera tanto medo nos gnus? Acontece que as águas africanas abrigam o segundo maior crocodilo do mundo, o temido e magnífico crocodilo-do-nilo.

O crocodilo-do-nilo (Crocodylus niloticus) como dito anteriormente, é a segunda maior espécie pertencente à ordem Crocodylia, que compreende além dos crocodilos, jacarés, gaviais e caimões. A única espécie que o ultrapassa em tamanho é o crocodilo-de-água-salgada (Crocodylus porosus), no entanto, esse último se restringe à territórios na Ásia e Oceania.

Crocodilo-do-nilo. Foto: David Havel / Shutterstock.com

Seu nome científico, Crocodylus niloticus, vem do grego krokodeilos (kroko = seixos ou pedras + deilos = verme, ou ser rastejante), que remete à sua aparência, por ter a pele coberta por saliências e niloticus significa “pertencente ao Nilo”. Apesar do nome “crocodilo-do-Nilo”, a distribuição da espécie não é limitada ao rio Nilo, podendo ser encontrado em quase toda a África sub-saariana.

O crocodilo-do-nilo pode atingir tamanhos enormes, chegando a cinco metros de comprimento (da ponta do nariz à ponta da cauda) e pesar próximo de uma tonelada, no entanto há relatos de indivíduos que passaram dessas medidas, pesando quase 1.100 kg e com mais de seis metros de comprimento.

Reprodução

Os crocodilos-do-nilo botam ovos, podendo variar de 16 à 80 ovos por ninhada. As fêmeas botam sempre no mesmo ninho, ano após ano. Ela cava um buraco no solo, deposita os ovos e eles serão incubados por cerca de 90 dias. Os machos podem permanecer perto dos ninhos. Quando chega a hora de saírem da casca, os filhotes começam a emitir um chamado que pode ser ouvido até a 20 metros do ninho. A mãe começa a desenterrá-los e quando todos estão fora dos ovos ela gentilmente abre a boca para que os filhotes entrem. Ela então os transporta até um curso d’água raso e abre a boca para que eles possam sair. Durante algumas semanas, os pais vão permanecer próximos aos filhotes para protegê-los de eventuais predadores, até mesmo de outros crocodilos.

Alimentação

Esses répteis são carnívoros com grande poder de predação. A principal fonte alimentar dos crocodilos-do-nilo são os peixes, no entanto, eles podem se alimentar de praticamente tudo que consigam pegar. Durante os primeiros anos de vida, os juvenis podem começar se alimentando de pequenos invertebrados aquáticos e logo passando para peixes. Já os adultos possuem uma vasta gama de presas, podendo capturar grandes vertebrados, incluindo: impalas, gnus, zebras, búfalos e até mesmo hipopótamos jovens.

A cauda possui musculatura extremamente forte e desenvolvida, utilizada para nadar e auxiliar na propulsão do animal ao atacar uma presa. O formato das mandíbulas, largas e robustas, auxilia o crocodilo a segurar a presa, impedindo que a mesma faça movimentos laterais que facilitem a sua escapada.

Após capturadas, as presas são esmagadas pelas poderosas mandíbulas afim de facilitar a deglutição. Se a presa for muito grande para ser engolida inteira, os crocodilos arrancam pedaços da presa realizando movimentos de torção com o corpo. Eles seguram a presa com a mandíbula e torcem o corpo para conseguirem retirar pedaços que caibam em suas bocas.

Uma curiosidade interessante é a relação que os crocodilos-do-Nilo possuem com as aves-do-crocodilo (Pluvianus aegyptius). A ave-do-crocodilo se alimenta dos restos de carne das presas que ficam entre os dentes do crocodilo, por outro lado, o crocodilo tem seus dentes limpos pela ave, o que pode prevenir o surgimento de infecções. Como os dois lados são beneficiados, essa é uma relação mutualística.

Ameaças

As maiores ameaças aos crocodilos-do Nilo são a redução do seu habitat, que inclui perder suas fontes alimentares, poluição, e a caça, tanto para uso do seu couro quanto mortes de crocodilos causadas por humanos em suposta retaliação à ataques sofridos pelos mesmos.

Referências:

Ferguson 2010 - Nile crocodile Crocodylus niloticus

Wallace, K. M., & Leslie, A. J. (2008). Diet of the Nile crocodile (Crocodylus niloticus) in the Okavango Delta, Botswana. Journal of Herpetology, 42(2), 361-369.

Pooley & Gans 1976 - The nile crocodile

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