O urbanista Jan Gehl se tornou célebre por concretizar o desejo de projetar cidades para pessoas. Seu escritório, o Gehl Architects, mais procurado em todo o Planeta, está localizado em um edifício que data do século XVIII, na cidade de Copenhague, capital da Dinamarca.
Suas teses são bem originais. Uma delas pressupõe que é importante mesclar em um mesmo lugar várias atividades e papéis sociais, tais como residências, oferta de utilidades, o exercício profissional, opções de entretenimento, entre outros. Assim, em um breve movimento, a pessoa pode ter tudo ao seu alcance.
Jan é pioneiro na concepção de que as cidades devem ser planejadas para pessoas. Nessa forma de pensar ele foi inspirado por sua esposa, uma psicóloga, que o ajudou a se libertar da tirania da forma para se ater aos seres humanos e à dimensão espacial utilizada por eles.
O urbanista também se baseou nas ideias da americana Jane Jacobs para se opor ao movimento modernista que até então ditava as regras de planificação das cidades. Contrapondo-se a este ponto de vista, ele defende que os centros urbanos deveriam ser planejados para que seus habitantes pudessem caminhar por suas ruas e vias, se assim desejassem. Seus princípios são detalhadamente expostos em seus livros, entre eles Cities for People, ainda não traduzido para o português.
Para ele os indivíduos precisam ter o conhecimento de cidades nas quais, por exemplo, seja viável andar de bicicleta sem correr perigo, andar, mergulhar em um rio, etc. Então em primeiro lugar as pessoas têm que criar em suas mentes a concepção de uma cidade ideal, para que então possam reclamar a criação de um espaço como este.
Os edifícios, para o urbanista, devem ser estruturados calculadamente, pois é essencial que sejam visualizados da estatura dos olhos humanos. Quanto ao trânsito, o problema não é exatamente o automóvel, porque ele é somente o sinal dos problemas que estão atingindo o espaço urbano. Do seu ponto de vista, se as cidades forem projetadas tendo como foco central o carro como transporte principal, consequentemente terão dificuldades com o trânsito.
É urgente, principalmente nos centros urbanos brasileiros, valorizar os transportes públicos e as bicicletas, e até mesmo as trajetórias percorridas a pé. Jan acredita que realizar estas modificações demanda ousadia em termos políticos e visão de longo alcance para privilegiar as pessoas. E isso preterindo os interesses de industriais e proprietários de fábricas.
O urbanista costuma dizer que primeiro nós modelamos os espaços urbanos, em seguida eles nos modelam. Assim, a tendência é criar espaços públicos de melhor qualidade.
Fonte: Vero Café. Ano 2. Número 20. Março 2013.
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