O conceito de dialogismo foi elaborado pelo linguista russo Mikhail Bakhtin, que o explica como o mecanismo de interação textual muito comum na polifonia, processo no qual um texto revela a existência de outras obras em seu interior, as quais lhe causam inspiração ou algum influxo.
O dialogismo está presente tanto nas obras impressas como na própria leitura, esferas nas quais o discurso não é observado em um contexto de incomunicabilidade, mas sim em constante ação recíproca com textos semelhantes e/ou imediatos. Este elemento aparece quando se instaura um processo de recepção e percepção de um enunciado, que preenche um espaço pertencente igualmente ao locutor e ao locutário.
Assim, os participantes de uma conversação elaboram um fluxo dialógico ao posicionarem o ato da linguagem em uma interação frente a frente. Bakhtin acredita que o diálogo engloba qualquer transmissão oral, de toda espécie. Este conceito é praticamente a alma de sua teoria linguística.
Para o estudioso russo, todos os personagens que circulam no âmbito da linguagem constituem elementos sociais e históricos que têm o poder de conferir significados reais e se estruturam regularmente na obra ficcional, expressando seus pontos de vista sobre a realidade concreta.
Bakhtin identifica no romance os diálogos puros, além da inter-relação dialogizada e da hibridização, que pode ser definida como uma miscelânea de duas linguagens, sendo considerada uma das vertentes mais importantes do mecanismo de modificação dos meios de expressão do pensamento.
A hibridização dos diálogos prepondera na análise da obra; ela é compreendida como um processo de aliança que procura elucidar uma linguagem com o auxílio de outra e, assim, estrutura a representação natural e vivaz desta outra forma de expressão. É fundamental que se utilize, neste procedimento, o uso de diversas linguagens, para esclarecer ainda mais o texto original.
O linguista russo salienta também a importância da estilização, um recurso dialógico interior que produz um estilo renovado, com significância e destaque nascentes. Esta linguagem surge com ecos peculiares, pois enquanto alguns de seus aspectos são iluminados, outros são preservados imersos em névoas.
A paródia é outro recurso específico, no qual o dialogismo por ela simbolizado desvela o texto que está sendo figurado. As mais variadas linguagens regidas pelas inter-relações, aspirações orais e racionais que residem nos enunciados estão situadas no espectro que se desenrola entre a estilização e a paródia.
O dialogismo não se desenvolve apenas socialmente, mas igualmente na esfera temporal, na dinâmica da vida e da morte. A convivência entre as pessoas e a progressão no tempo se aliam na unicidade consistente de uma multiplicidade paradoxal, a qual se manifesta por meio de variadas linguagens.
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dialogismo http://www.cce.ufsc.br/~nupill/ensino/dialogismo.htm
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