Economia do Acre

Em meio à busca por grandes riquezas por parte de colonizadores e aventureiros, o que se tornou de grande valor econômico na região amazônica, já no século XVII, foi a exploração dos produtos regionais denominados de “drogas do sertão”, a caça e o apresamento dos indígenas para escravizá-los.

Com a descoberta do cacau, a introdução da cana-de-açúcar, café e algodão, no século XVIII, iniciou-se um pequeno desenvolvimento agrícola. A partir de 1870, a borracha passa a ser o principal produto da região – por influência do desenvolvimento industrial europeu e norte-americano, com o uso ampliado de derivados da borracha –, bem como o fator determinante da ocupação da porção sul e sudoeste da Amazônia, nos vales dos Rios Juruá, Purus e Madeira.

Após estudos e pesquisas sobre o uso da goma elástica extraída da seringueira (Hevea brasiliensis), árvore endêmica da Amazônia, amostras foram levadas para a Europa. A impermeabilização e vulcanização desse látex ampliaram a produção de bens derivados da borracha, como molas para portas, espartilhos, cintos, bolas, botas, recipientes para transportes de líquidos, suspensórios, além de pneus para a indústria automobilística, atraindo para a Amazônia uma enorme migração de nordestinos, sobretudo cearenses, entre 1877 a 1879, fugindo da seca e buscando oportunidades.

Seringueira. Foto: wandee007 / Shutterstock.com

Teriam migrado para a região, nesse período, cerca de 65.000 nordestinos, para trabalhar nos seringais como mão de obra nas regiões dos rios Juruá e Purus, com a ocupação de uma grande área da Bolívia. Isso influenciou a incorporação dessa área ao Brasil, pelo Tratado de Petrópolis, em 1903, criando o atual estado do Acre.

A definição dos limites e fronteiras estaduais foram processos que amadureceram a partir de embates diversos. A fixação das bases que solidificaram o território esteve articulada com o uso e instrumentalização das condições naturais pelos processos humanos de ocupação, impondo formas de apropriação do espaço da Amazônia acreana. Assim, ao produzir espaço sobre as riquezas apossadas e as populações nativas dizimadas, deu-se a base para a formação da fronteira política e social na região.

Os primeiros departamentos e municípios nascem com limites e traçados muito próximos ao que são postos pelos rios em suas bacias hidrográficas e divisores de águas. Isso se deu pelas facilidades que seus traçados naturais proporcionavam para produzir, escoar produção e efetivar comunicação com outros lugares.

Nos anos 1970, as estradas e a agropecuária introduzem novas condições de ocupação e produção do espaço no estado. As cidades começam a ser formadas distantes dos rios. A dinamização do espaço produzido seria feita agora por outros meios de circulação. Assim nascem municípios como Acrelândia, Bujari, Senador Guiomard e Capixaba. A estrada passa a ditar as ações socioeconômicas e o desenvolvimento da região amazônico-acreana. Isso não excluiu o rio, mas minimizou seu papel centralizador da circulação do que era produzido.

Os processos introduzidos com a fronteira agropecuária, implementaram mudanças profundas na produção e uso rural do solo, onde a floresta era vista como empecilho. Como consequência, as atividades agropecuárias, que até a década de 1960 eram pouco consideráveis naquelas terras, ganharam espaço, chegando a ser um dos segmentos produtivos de maior peso na economia do estado atualmente.

Nos anos seguintes, acreditou-se que, sendo a floresta desprovida de possibilidade de produzir economicamente, exceto pela exploração madeireira predatória, e à pouca viabilidade de atividades agrícolas mecanizadas, a vocação da Amazônia seria a pecuária. Porém, há hoje muitos pontos a se considerar para fazer um contraponto, como os problemas oriundos dos desmatamentos desenfreados, a concentração de terras e expropriação camponesa), o fracasso regional de muitos projetos agropecuários, a geração de alternativas produtivas na floresta, entre outros.

Dentre as alternativas produtivas estão novos produtos que aparecem nas práticas extrativistas, como: fitoterápicos, óleos, sementes, folhas, cipós, entre outros. Ainda assim, os principais produtos extrativistas da região, no início do século XXI, eram: castanha, fruto do açaí, madeira em tora, carvão vegetal, lenha, além da borracha natural bruta.

Resumidamente, o modelo de desenvolvimento econômico acreano é baseado no extrativismo, com destaque para extração de madeira por meio de manejo florestal que, em teoria, permite o uso econômico sustentável da floresta.

Fontes:

SILVA, Silvio Simione da. A Fronteira na Formação Política do Acre. In: SILVA, Silvio Simione da (coord.). Acre: Uma visão temática de sua Geografia. Rio Branco: EDUFAC, 2008.

SILVA, Silvio Simione da. Produção do Espaço Agrário Acreano. In: SILVA, Silvio Simione da (coord.). Acre: Uma visão temática de sua Geografia. Rio Branco: EDUFAC, 2008.

MIGUEIS, Roberto. Geografia do Amazonas. Manaus: Editora Valer, 2011, 144p.

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