Megatsunamis

Tsunamis podem ter origem em diferentes processos, dentre as possibilidades estão terremotos, atividades vulcânicas, deslizamentos de sedimentos em taludes submarinos, furacões e impactos de meteoritos e asteroides. Em virtude dessa diversidade de possíveis causas, constata-se que praticamente qualquer região costeira do mundo está suscetível a tsunamis, incluindo até mesmo as margens dos mares interiores e dos grandes lagos.

Possíveis causas de tsunamis: vulcões submarinos, erosão, impactos de meteoros e terremotos. Ilustração: udaix / Shutterstock.com

Observa-se, entretanto, que a causa mais frequente de tsunamis de grandes proporções territoriais são os terremotos em fundo marítimo ou oceânico, sendo, inclusive, esse o agente dos dois últimos maiores tsunamis ocorridos no planeta: no Índico (em 2004) que gerou ondas de até 30 metros de altura que atingiram e causaram mais de 200 mil mortes na Indonésia, Sri Lanka, Índia, Tailândia, Malásia, Ilhas Maldivas e Bangladesh; e no Japão (em 2011) com ondas de aproximadamente 10 metros de altura que adentraram por até 10 quilômetros em terra e ocasionaram aproximadamente 19.000 vítimas fatais, além de prejuízos estimados na ordem de US$ 200 bilhões.

Quanto ao conceito relativo aos megatsunamis, não existe uma definição inequívoca e amplamente aceita que os caracterizem, entretanto, entende-se que a principal característica que os identificam e os diferenciam dos demais tsunamis é o tamanho das ondas geradas, as quais podem chegar a centenas de metros de altura. Em função dessa característica, os megatsunamis possuem potencial para percorrerem os oceanos a até 800 km/h e adentrarem por dezenas (ou mesmo centenas) de quilômetros em terra, dependendo do relevo costeiro da área atingida.

Os megatsunamis de que se tem registro histórico são relacionados a fenômenos regionais, ou seja, ocorreram em áreas relativamente isoladas, restringindo seu potencial destrutivo. Em 2017, por exemplo, um grande deslizamento de terras na costa oeste da Groenlândia gerou uma onda de 100 metros de altura que causou estragos na vila de pescadores de Nuugaatsiaq, a cerca de 20 quilômetros de distância da origem do evento.

Destruição causada por uma tsunami em Fukushima, Japão, em 2011. Foto: Fly_and_Dive / Shutterstock.com

O maior megatsunami com registros ocorreu em 1958 na Baía Lituya, no Alasca, Estados Unidos. O evento aconteceu em função de terremoto na falha geológica Fairweather que provocou um deslizamento de massa que movimentou rocha, terra e gelo para a entrada estreita da baía, que gerou onda com mais de 500 metros de altura e atingiu região costeira desabitada a 13 quilômetros do ponto de origem.

O estudo de megatsunamis antigos ainda é controverso, tendo em vista que é difícil detectar evidências de sua ocorrência e comprovar suas causas. Cientistas acreditam que o último megatsunami antigo ocorreu há aproximadamente 4.800 anos, decorrente, provavelmente, da colisão de rocha oriunda do espaço no meio do Oceano Índico, gerando uma cratera de 29 quilômetros de diâmetro e que fica a 500 metros abaixo da superfície. O impacto teria gerado ondas gigantes na origem de 100 a 200 metros que atingiram a costa leste do continente africano. No Sul de Madagascar foi identificado material de fundo oceânico em elevadas altitudes e distantes do oceano, sendo, portanto, um indício desse evento.

Sobre os riscos atuais de megatsunamis de escalas continentais ou globais, algumas revistas científicas e pesquisadores colocam as ilhas vulcânicas como as do Havaí e as das Canárias como potenciais focos para a ocorrência de megatsunamis. No caso de um evento como esse, a partir das Ilhas Canárias, ondas de cerca de 100 metros poderiam atingir regiões próximas e a partir de aproximadamente 10 horas depois ondas de 10 a 25 metros alcançariam as Américas, atingindo a costa leste dos Estados Unidos, o Caribe e as costas do Norte, Nordeste e até Sudeste do Brasil.

Ressalta-se, entretanto, que o International Tsunami Information Center (ITIC), criado por um comitê intergovernamental da UNESCO, contrapõe essas alegações afirmando que embora o vulcão ativo de Cumbre Vieja em La Palma (Ilhas Canárias) possa entrar em erupção novamente, ele não seria capaz de deslocar massa para o oceano em proporção que fosse suficiente para gerar megatsunamis. Semelhantemente, o ITIC reforça que no Havaí não há a possibilidade de parte de a ilha irromper no oceano em função de atividade vulcânica, sendo, portanto, improvável a ocorrência de megatsunamis a partir do vulcão Kilauea.

Fontes:

ANDRADE, Fábio Ramos Dias de. Terremotos e Tsunamis no Japão. REVISTA USP, São Paulo, n.91, p. 16-29, setembro/novembro 2011.

BLAKESLEE, Sandra. Ancient Crash, Epic Wave. New York times. Novembro, 2006. Disponível em: . Acesso em: 01/11/2019.

CASEY, Michael. Scientists Debate Evidence Of Ancient Megatsunami. National Geographic. Dezembro, 2015. Disponível em: . Acesso em: 01/11/2019.

DOWELL, Andrew. Japan: The Business Aftershocks. Wall Street Journal. Março, 2011. Disponível em: . Acesso em: 01/11/2019.

SCHIERMEIER, Quirin. Huge landslide triggered rare Greenland mega-tsunami. Nature. Julho, 2007. . Acesso em: 01/11/2019.

GOFF, James et al. What is a mega-tsunami? Marine Geology. Volume 358, December 2014, Pages 12-17. . Acesso em: 01/11/2019.

HARGREAVES, Patricia. Qual foi o maior tsunami da história? Super Interessante. Disponível em: . Acesso em: 01/11/2019.

ITIC. What is a mega-tsunami and can it happen today? . Acesso em: 01/11/2019.

MORRIS, Lulu. Giant Tsunami On Mars Caused By Asteroid Impact. National Geographic. Março, 2017. Disponível em: . Acesso em: 01/11/2019.

Wikipedia. Megatsunami. Disponível em: . Acesso em: 01/11/2019.

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