O Amazonas abriga em seu território grande parte da mais extensa floresta tropical contínua do mundo ainda preservada, com aproximadamente 3.650.000 km². Apesar de não ser o “Pulmão do Mundo”, como dizem, a quantidade de carbono fixado pela floresta amazônica é muito significativa, fazendo com que a Amazônia possa ser interpretada como um imenso filtro ecológico, responsável por reduzir a quantidade de gás carbônico (CO²) na atmosfera.
A floresta amazônica encontra-se sobre um solo de pouca fertilidade que, pela temperatura e umidade elevadas, são bastante ácidos. Uma das características mais incríveis dessa floresta é que ela não vive em função do solo, mas em função de si mesma, devido ao rápido processo de reciclagem das folhas, galhos, troncos e restos de animais realizados pelos fungos, bactérias e artrópodes. Após a decomposição, forma-se uma fina camada superficial rica em nutrientes (húmus) que são rapidamente absorvidos pelas plantas. Isso é o que leva as raízes a se desenvolverem no sentido horizontal ou, às vezes, crescerem no sentido vertical com raízes chatas, triangulares e tabulares.
A vegetação amazônica é majoritariamente latifólia, higrófila, heterogênea, perenefólia e dispersa. Existem ali árvores com mais de 35 metros, que expandem suas copas (ou dossel) por cima das demais, formando um verdadeiro “guarda-sol”, que dificulta a penetração dos raios solares para as camadas inferiores.
O extrato médio da floresta é formado por abóbada foliar entre 15 e 35 metros onde, diferentemente do extrato acima, as copas das árvores se comprimem, alongando-se para o alto em disputa pela pouca luz que atravessa. No extrato inferior, com até 10 metros de altura, arbustos, samambaias e outras pequenas plantas (além de cipós, musgos. líquens e fungos) se adaptam a um ambiente de estufa.
A Mata de Igapó, representa uma parte da floresta bastante heterogênea, constituída de espécies que atingem 15 metros de altura e mantêm suas raízes em contato com a água durante o ano quase inteiro. É rica em palmáceas como o açaí, a paxiúba, o patauá, o buriti, o murumuru, a oirana, a aninga, o aguapé, a vitória amazônica e uma coleção de ervas e cipós.
A Mata de Várzea representa uma parte da floresta mais heterogênea que a Mata de Igapó, com árvores de porte médio, onde se misturam espécies da Mata de Igapó e Mata de Terra Firma. É aquela que fica temporariamente inundada, de quatro a seis meses, quando o nível do rio atinge parte da floresta. Algumas espécies são: seringueira, sumaúma, guaraná, paracuuba-preta e andiroba.
A Mata de Terra Firma está à parte da floresta que predomina em solos de pouca fertilidade, porém é bastante heterogênea e de grande porte, com árvores de mais de 25 metros de altura, que ficam livres das águas dos rios no período de cheias. Essa é a parte da floresta que vem sofrendo agressões para a atividade econômica com fins especulativos. Estão presentes ali árvores de grande valor econômico, sendo que algumas delas já desapareceram. Destacam-se a seringueira, mogno, angelim-pedra, cedro e jacareúba.
No sul do Amazonas encontramos a formação de Cerrado, cujos solos são férteis para os padrões da região e, por esse motivo vêm sendo usados há décadas para a expansão da atividade agropecuária, com destaque para a produção de soja. Além dos problemas ambientais do desmatamento, há diversos conflitos sociais relacionados à questão fundiária na região, como a grilagem de terras, exploração ilegal e atentados em terras indígenas demarcadas.
A Amazônia é considerada um ecossistema muito frágil. Quando é agredida pelas queimadas ou desmatamentos, sofre o processo de lixiviação, que empobrece e endurece o solo, prejudicando inclusive seu aproveitamento agropecuário, além de afetar a regularidade das chuvas na região. No ano de 2011, calculava-se na Amazônia um desmatamento de cerca de 500 mil km², ou seja, 12,5% da floresta natural.
Os desmatamentos das margens e das nascentes dos rios e igarapés também provocam graves problemas ao ecossistema, modificando o curso e assoreando os rios, dificultando a navegação, afetando o local de desova e reprodução dos peixes, além de diminuir os índices pluviométricos e os regimes dos rios, tão caros à população ribeirinha.
Leia também:
Fontes:
MIGUEIS, Roberto. Geografia do Amazonas. Manaus: Editora Valer, 2011, 144p.
Notícias UOL. Desmatamento no Brasil dispara em julho e ameaça acordo comercial com UE. Disponível em:
Redação Hypeness. Incêndios na Amazônia têm ‘assinatura do desmatamento’, aponta NASA. Disponível em:
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/geografia/vegetacao-do-amazonas/
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