O título do artigo que está prestes a ser iniciado é uma questão que norteia boa parte dos professores de língua estrangeira. A ausência do enfoque do mesmo em sala de aula ocorre há anos e a maioria dos educadores de hoje não tiveram embasamento de tal quando eram estudantes. Quase 30 anos atrás, Pennington e Richards (1986) já argumentavam que tal fenômeno vem acontecendo devido a “a pronúncia ser tradicionalmente vista como um componente da linguística e não da competência comunicativa, ou como um aspecto da correção e não da fluência.”
Por outro lado, o contato entre pessoas que falam línguas diferentes acelerou-se e viu-se a necessidade de orientar a maneira mais adequada de comunicar-se em outro idioma de maneira eficaz. Junto com esta preocupação, um novo vocábulo ganhou espaço: inteligibilidade; que, de acordo com Dicionário Michaelis, é a capacidade de ser inteligível, ou seja, que se pode entender; claro. Com isso, aspectos supra-segmentais (entonação, ritmo e acento) ganharam espaço no ensino de língua estrangeira.
Enquanto aprendiz do idioma diferente do que está habituado a falar, Paradis (1997) afirma que, no que diz respeito à pronúncia, outros pontos são levados em conta; como, por exemplo, os gestos que são feitos enquanto se fala. Além disso, os estudantes compreendem o som-alvo e sabem como estão soando, tentando aproximar sua fala e sons do mesmo e perdendo, ao falar a segunda língua, sons que fazem parte do seu idioma materno.
E qual a melhor idade para aprender outra língua e adquirir uma boa pronúncia da mesma? Quanto mais cedo melhor. Não se pode negar o consenso acerca de tal; porém, adultos também podem atingir esta meta. A aquisição de uma criança, normalmente, será maior e mais rápida, entretanto, com um método adequado, além de outros fatores, pessoas que já passaram da puberdade podem obter êxito igualmente.
Segundo Major (1994), ao buscar a excelência pela pronúncia de outro idioma, o aluno pode representá-la em três opções: “(a) ela pode ser idêntica àquela dos falantes nativos; (b) ser uma representação da L1*; ou (c) uma representação intermediaria.” Esta última é classificada por Flege (1991) como um som presente na segunda língua que o estudante identifica similaridade com o idioma nativo.
O desenvolvimento da pronúncia também leva em conta a relação entre conhecimento explícito e implícito e é aqui que se encontra a questão polêmica sobre a possibilidade ou não do saber metalinguístico pode tornar-se automático e transformar-se procedimental. O que responde positivamente a dúvida citada anteriormente é a prática, ou seja, praticando o conhecimento adquirido o estudante vai internalizá-lo. Ao pronunciar determinado som erroneamente, ele identifica a falha e consegue reorganizá-la adequadamente.
Toda a bagagem cultural e de experiências que o aluno leva para dentro de uma classe não pode e nem vai ser deixado de lado, ele não vai adquirir os novos sons que a segunda língua possui e esquecer a sonoridade que sua língua materna possui. É um processo. E como todo processo, pode ser demorado. Todas as informações que o estudante tem, todas as características que seu idioma fornece pode servir de paralelo aos novos sons. Lembrando que o alfabeto fonético é uma ajuda extremamente prática e pontual. A metodologia escolhida pelo professor deve ser a mais apropriada para o grupo de aprendizes que ele leciona.
*Língua Materna
Bibliografia: KOERICH, R. D. Ensinar Pronúncia?
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