Leitura de Imagens como Facilitadora para Interpretação de Textos

O desenvolvimento da competência textual com o auxílio de imagens é de grande valia para os que estão se inserindo no âmbito escolar, tendo em vista que as pessoas, ainda na idade infantil, são introduzidas na sociedade a partir de leituras visuais (de mundo), para, a partir delas, dar início às textuais.

O sistema de símbolos dos ancestrais comprova a presença contínua das imagens no cotidiano humano. Foi a partir dele que surgiu o alfabeto, um sistema de códigos, que hoje é identificado e internalizado por letras utilizadas como aparato para escritura e leitura, mas que não passam de desenhos, os quais se conseguem decodificar.

A época em que determinados textos foram escritos interfere na sua decifração e consequentemente na sua interpretação, como também os leitores de uma mesma obra podem ser de diferentes meios culturais, e isso pode causar interferência nas possíveis conclusões da leitura. Além disso, o que o autor quer passar muitas vezes não vai coincidir com a compreensão de quem o lê.

A presença de ilustrações, acompanhada com a leitura de textos, pode ser uma grande aliada na ampliação dos possíveis fins que as escrituras intencionam. Com as turmas das séries iniciais, a apresentação de figuras acompanhada do texto expande a imaginação e favorece a relação de mundo dos pequenos.

Uma possibilidade de atividade lúdica a ser proposta ao estudante é torná-lo o ilustrador de determinada história lida por ele e por seus colegas. A variedade de interpretações e transposições para o papel tende a ser infinita e servir de subsídios para atividades seguintes, envolvendo discussões acerca do que cada um desenhou e suas relações com o texto.

Outro exemplo ocorre ao se apresentar um gênero textual – uma poesia, por exemplo – a uma turma de ensino médio e junto dela várias obras de artes representando seus personagens, e estes criados por diferentes autores. Isto mostra a amplitude da imaginação e as possibilidades de interpretação aos olhos de diferentes pessoas, o que pode ajudar na criticidade de quem lê ao mostrar-lhe as configurações que os escritos podem carregar, considerando que o leitor constrói o texto com o autor e este pode tornar-se um criador invisível a partir dos elementos que estão ao seu alcance.

A apresentação simultânea de obras de arte e/ou ilustrações com vastas probabilidades no ensino e aprimoramento de leitores independentes é uma questão bastante discutível, e a sua efetivação é de suma importância para a introdução de diferentes autores consagrados, tanto criadores de imagens como elaboradores de textos.

Da mesma forma que o efeito surtido pode ser bom, o contrário também é possível, visto que pode ocorrer a manipulação de ilustrações para focar a interpretação num sentido único, causando alienação e/ou concordância sem maiores questionamentos, principalmente dos que não estão num nível de leitura autônomo. A subestimação das classes intelectualmente mais frágeis é uma realidade mundial e torna-se mais relevante quando se trata de Brasil, e as estatísticas comprovam essa deficiência leitora nacional.

Sendo assim, um cuidado primordial é quanto ao grande número de informações impostas ao indivíduo. Não é válido “jogar” aos estudantes inúmeras gravuras sem conexão, que impeçam o afloramento da criatividade e da imaginação. Há que se frisar que as imagens devem servir como aparato, como opção e acréscimo ao desenvolvimento da leitura entre os alunos, e não como solução e simplificação da importância que é o ato de ler, compreender e interpretar.

Muito se fala sobre a leitura de imagens para crianças, literatura infanto-juvenil, porém a idade adulta, em muitos casos, também é muito defasada e incompleta no que diz respeito a leitura e compreensão. O acompanhamento de imagens como complemento para a formação de leitor independente é uma realidade que pode trazer frutos às iniciativas de tornar autônomos os leitores, visto que o analfabetismo é uma barreira quebrada nos âmbitos mercadológicos e o problema crucial encontrado atualmente é a falta de letramento entre os indivíduos considerados alfabetizados.

A deficiência da escola e dos professores também é um fato bastante alarmante no que diz respeito à não formação de leitores críticos. A falta de estímulo dos docentes em relação ao trabalho dos estudantes é um dado presente na sociedade brasileira. A falta de material didático disponível e a acomodação dos educadores inibem um possível crescimento intelectual dos aprendizes.

A escola é o ambiente em que o aluno, muitas vezes, tem o primeiro contato com leitura textual e suas possíveis vertentes. Aqui, incluí-se a apresentação de obras de arte como complemento, além de outros gêneros visuais que podem se interligar com os escritos.

Sendo assim, é relevante que o educador apresente as mais variadas formas de expressão aos educandos, visando potencialmente à leitura literária, além de oferecer subsídios intertextuais aos discentes com base no acervo imagético adquirido com a visualização diária das imagens do cotidiano de cada um.

Referencias: BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. 2. ed. São Paulo: Ática, 1986

More Questions From This User See All

Recommend Questions


A importância da Educação Física nas escolas
Foi em 1930, na Era Vargas, que a Educação Física passa a ser obrigatória nos diferentes níveis de ensino, como uma mane

A preservação da autoestima estudantil
Há anos, penso em escrever sobre uma situação que ocorreu com uma estudante do 7º ano. Eu lecionava Artes para aquela tu

Alfabetização em isolamento social
Até então, as instituições de Ensino Superior formavam professores desta etapa para trabalharem em sala de aula tendo co

Metodologias ativas no ensino de termoquímica
PALAVRAS-CHAVE: Metodologia. Ativa. Ensino. Termoquímica.

Acolhimento e educação integral em uma experiência de mudança de gênero
Esquecem-se que, na sua frente, está sobretudo um ser humano. Alguém que também chora, ri, sente dor, alegra-se, paga im

Deficiência intelectual - uma experiência de inclusão no ensino de História
Eu me formei em uma das melhores universidades do Brasil e, durante minha graduação, senti falta disso. É claro que muit

Desafio de ensinar em área diferente da sua formação
A realidade no ambiente laboral muitas vezes não corresponde ao imaginário profissional dos tempos de formação estudanti

Maquete do mundo: a construção do espaço no ensino de História
Cada vez que leio (e ainda leio!) esse tipo de resposta, questiono-me sobre o meu ofício de professora de História. De q

A importância da afetividade na relação professor-aluno
Palavras-chave: Educação – Ensino-Aprendizagem – Afeto – Vocação.

Caracterização da Área de Geografia
Foi a partir do pós-guerra que essa realidade modificou-se e a Geografia Tradicional não deu mais conta de analisar e ag

Smile Life

Show life that you have a thousand reasons to smile

Get in touch

© Copyright 2024 ELIB.TIPS - All rights reserved.