O livro-objeto é um espécime único, pois se mantém a distância da produção massiva de obras literárias. Ele transcende os limites tradicionais dos livros comuns, baseados principalmente no texto. Este elemento pode ser visto, antes de tudo, como uma obra artística visual.
Desta forma, ele rompe com o formato mais conhecido do livro, e busca sua identidade na produção imagética imanente às Artes Plásticas. Mesmo assim o livro-objeto pode ser lido, este ainda é o seu objetivo, embora esta leitura ocorra de uma forma distinta. Ela é realizada por meio de palavras soltas, sentenças curtas ou de um discurso mínimo. E igualmente através da interpretação pessoal das imagens.
Estes objetos comumente apelam à percepção humana, e desvinculam-se das formas e funções esperadas; eles não atravessam crise alguma na identidade, pois adotam naturalmente a faceta de objeto artístico. Eles são geralmente produzidos em pequena escala ou, muitas vezes, consistem de um único item de colecionador.
Não é intenção do livro-objeto eliminar a versão convencional criada por Gutenberg, e sim ser um dos prováveis desdobramentos de sua evolução, completando a antiga forma, sem nenhuma outra pretensão. Estas experiências estão presentes particularmente na literatura infantil, pois nesta esfera a obra assume um caráter lúdico, ou seja, a criança tem também a oportunidade de brincar com o livro, abrindo e montando as páginas, formando castelos ou outras tantas estruturas mágicas.
Aqui a história é substituída por um enredo visual, graças a uma maior maleabilidade dos limites entre as várias manifestações artísticas humanas; elas se entremeiam de tal forma, que deste entrelaçamento surgem outras expressões. Nos tempos modernos são bem-vindas as misturas, combinações, justaposições e outras receitas nascidas de um caldeirão encantado no qual todo ingrediente imaginável pode ser adicionado.
Nasce desta forma uma nova esfera criativa, outro circuito de forças, o qual ocupa o espaço desocupado pelo ofício literário e também pelo universo das Artes Plásticas. O livro-objeto se instala nessa fronteira movediça e deserta, um híbrido da literatura e da produção visual.
Em nosso país este elemento surge da experiência dos concretistas e neoconcretistas, da colisão entre sua poesia e a obra dos artistas plásticos, as quais eclodem no fim da década de 50 e no início dos anos 60. Os poetas desta escola literária tinham em vista a missão de destacar, nas palavras, os sons e os formatos.
Assim, a poesia deste período fugia da gramática convencional e elaborava uma nova prática poética e imagética para o discurso textual. Destacam-se, nesta esteira criativa, os trabalhos de Augusto de Campos e de Júlio Plaza – os Poemóbiles, Objetos Poemas e Caixa Preta. Os neoconcretistas irão levar a extremos esses exercícios vanguardistas.
Fontes: http://livro-objeto.blogspot.com/ http://marcelonada.redezero.org/artigos/livro-objeto.html
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