O movimento neo-ocultista nasceu no século XIX, com o resgate do ocultismo pelo seminarista francês Alphonse Louis Constant, mais famoso como Eliphas Levi. Pode-se afirmar que esta escola procura trazer à luz ancestrais saberes dos iniciados. Seus ensinamentos estão sempre ocultos sob linguagens simbólicas, das quais a compreensão é reservada apenas aos que já se encontram preparados para sua recepção. Desta forma eles seguem a tradição de seus precursores.
Levi foi profundamente inspirado pelo movimento rosacruz, vigente na Europa deste período, pelos maçons místicos, por ensinamentos extraídos da Cabala, bem como pelas idéias de Jacob Böhme – filósofo e místico alemão, conhecido por suas experiências com a Clarividência -, Emanuel Swedenborg – considerado um dos precursores do Espiritismo – e de outros tantos adeptos do misticismo do século XVIII.
É importante compreender a diferença entre Esoterismo, Ocultismo, Mistérios e Misticismo. O primeiro termo provém do grego esoterikos, que tem o sentido de interior, oculto, ‘não reservado ao público’, voltado para dentro. Já o Ocultismo engloba o conhecimento teórico e a prática deste saber no que se refere à fé em algo, à utilização de poderes ou entidades sobrenaturais. Este campo enfoca especialmente o dom de usar as leis da Natureza de forma mágica.
Os Mistérios consistiam em rituais ocultos destinados a iniciar alguém no conhecimento de determinadas práticas. Alguns dos coordenadores destes ritos eram conhecidos como hierofantes – ‘reveladores de conhecimentos sacros’. O Misticismo se resume na procura espiritual pelo saber verdadeiro e não conhecido, visando alcançar a conexão com a esfera sagrada. Muitos elementos místicos estão presentes nas principais religiões, bem como em práticas espirituais diversas.
No neo-ocultismo o Messias representa a presença de Deus no Homem, o deus humano. Ele é considerado o líder dos Magos, um praticante ancestral da magia antiga. Assim, o Cristianismo seria uma religião alicerçada no esoterismo e no universo sobrenatural. Isto justificaria cada milagre realizado por Jesus, as lições escondidas nas entrelinhas do Evangelho, até mesmo a sua Ressurreição.
Segundo Levi, a Divindade e Jesus seriam uma única entidade, o mundo estaria entregue ao mal e o Mestre teria vindo para nos salvar destas forças maléficas. Ele seria também um guerreiro lutando pela libertação das velhas falsidades, mentiras e hipocrisias próprias do organismo social humano. Sua prática, fundada no mais profundo e completo amor, não condiz, portanto, com o exercício do Cristianismo pela Igreja, que não consegue traduzir em suas ações o verdadeiro exemplo de Cristo.
Stanislas de Guaita também teve um papel importante na consolidação do neo-ocultismo. Ele segue uma vertente mais mística, inspirada na Cabala. Para Guaita, Jesus passou por uma demorada transição do corpo espiritual para o material, a qual incluiu a deificação de um ser por ele denominado Adão-Kadmon, de quem Cristo foi a expressão de sua alma coletiva. Assim, o Messias seria um símbolo da Magia em sua mais alta manifestação, legada pelo povo da Caldéia, por meio de Abraão e de Moisés, que a teria reformulado. Com sua vinda ao mundo da matéria, Jesus a dota de um potencial divino.
O neo-ocultismo, assim como o Espiritismo e a Teosofia, expressam uma completa desilusão com a prática cristã das instituições religiosas. Estas escolas espirituais ocupam um espaço deixado vago pelo Cristianismo institucional, que em sua falência deixa no seio da intelectualidade e das classes médias uma perigosa sensação de ausência.
Fontes: QUEVEDO, Oscar G. A Face Oculta da Mente. Editora Loyola. http://books.google.com.br/books?id=u4DpmkxPEiQC&pg=PA22&lpg=PA22&dq=o+que+%C3%A9+neo-ocultismo&source=bl&ots=E3PkpkfjXs&sig=jAwp2NR3ABC6QnS8bvettUMzEGE&hl=pt-BR&ei=WuqKSoXOBdCStgfmloDDDQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1#v=onepage&q=&f=false
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