O Teatro da Vertigem, criado em 1991, com características experimentais, inspiradas nos conceitos da Mecânica Clássica, em busca da expressividade dos intérpretes, deu início à trilogia baseada nos livros da Bíblia, composta pelos espetáculos Paraíso Perdido, de 1992; O Livro de Jó, de 1995; e Apocalipse 1,11, de 2000, todos encenados por Antônio Araújo.
O Livro de Jó foi vertido para o formato teatral por Luís Alberto de Abreu, em cooperação com o diretor e os intérpretes. Sua concepção busca uma atmosfera próxima dos autos da era medieval, e cria cada personagem conforme um arquétipo distinto. Esta adaptação nasceu da procura de novos caminhos direcionados para a encenação em locais nada usuais, como o Hospital Humberto Primo, onde a peça foi representada.
A intenção desta espécie de encenação é levar o público a interagir com o drama em questão, percorrendo uma jornada semelhante à do protagonista, caminhando no espaço hospitalar em um circuito que representa a ascensão de Jó, do hall de entrada ao último andar, onde se localiza o centro cirúrgico.
O diretor aproveita todas as mínimas potencialidades oferecidas por esse lugar, inclusive o uso de tudo o que compõe este espaço, diversos instrumentos e apetrechos. Ele também desenvolve novos elementos dramatúrgicos, diferentes técnicas de encenação, de concepções cênicas, recursos de iluminação e representação.
Depois de São Paulo o grupo percorreu Curitiba, Bogotá, capital colombiana, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Dinamarca. Neste país a peça integrou o Festival de Artes de Ärhus e realizou uma tour de pesquisa pelo Odin Teatret, de Eugenio Barba. Além disso, O Livro de Jó participou do III Festival Internacional de Teatro Anton Tchekhov, em Moscou, como um símbolo da dramaturgia brasileira.
Nesta produção, a forte convicção de Jó em relação ao Poder Divino é abalada quando ele se depara com vários desafios em sua jornada. A partir destas adversidades ele passa a questionar sua fé e sua lealdade religiosa. Em meio a tantos dilemas, ele é atingido por uma enfermidade, talvez não por acaso um símbolo da AIDS. Doente, ele segue as veredas enfrentadas por qualquer paciente terminal, redimindo-se somente com a chegada da morte.
Guilherme Bonfanti é o responsável pelas luzes e Laércio Resende pela trilha sonora, composta por vozes, teclados e instrumentos percussivos. Estes recursos técnicos orientam a viagem do público por uma história intensa e de forte carga dramática. A temporalidade indefinida é criada em cena pela indumentária de cores sombrias, elaborada por Fábio Namatami, ao passo que os elementos cenográficos de Marcos Pedroso priorizam o espaço físico.
A interpretação brilhante de Matheus Nachtergaele como Jó, somada à atuação sincrônica dos outros atores, como Daniela Nefussi, depois trocada por Mariana Lima; Miriam Rinaldi; Sérgio Siviero; Siomara Schröder; Vanderlei Bernardino e Lismara Oliveira, completa o brilhantismo desta produção elogiada e amplamente premiada.
Fontes: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_teatro/index.cfm?fuseaction=espetaculos_biografia&cd_verbete=302 http://pt.wikipedia.org/wiki/Teatro_da_Vertigem
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