O que é varicocele?

Varicocele são varizes nos testículos. Consiste na dilatação anormal das veias testiculares do cordão espermático (que drenam o sangue dos testículos), devido à dificuldade no retorno venoso.

A incidência de varicocele varia com a idade, sendo de 7,2% em indivíduos entre 2 e 19 anos (média de incidência para várias faixas etárias compreendidas neste intervalo), chegando a 14,1% dos 15 aos 19 anos. Após os 20 anos, a incidência varia de 10 a 25%. Quando a varicocele tem início depois dos 40 anos, é essencial verificar se existe um tumor intra-abdominal que esteja apertando e dilatando a veia testicular.

É a causa primária tratável mais comum de infertilidade masculina. É uma doença frequente em parentes de primeiro grau de portadores de varicocele e tende a ser mais incidente em pessoas com IMC baixo (relação inversa entre IMC e incidência). Na maioria das vezes, a varicocele ocorre no lado esquerdo da bolsa escrotal, acometendo o testículo esquerdo, devido a anatomia característica do homem, em que a veia testicular direita desemboca na calibrosa veia cava em um ângulo de 45º e a veia testicular esquerda drena para a veia renal esquerda, de menor calibre, e com uma angulação de 90º, o que dificulta o escoamento do sangue.

É importante ressaltar, entretanto, que ter varicocele não indica esterilidade, ou seja, impossibilidade absoluta de ter filhos. Muitos homens com varicocele, principalmente em graus mais leves, podem ter filhos normalmente sem precisarem recorrer a inseminação artificial ou outras abordagens.

Leia também: Varicocele causa infertilidade e impotência?

As causas de varicocele podem ser diversas, incluindo ausência ou incompetência congênita das válvulas da veia espermática interna e dificuldade da drenagem venosa por obstrução ou compressão do sistema venoso. Ocorre alteração na espermatogênese, com diminuição da fertilidade por oligospermia (menor número de espermatozoides) e alterações na morfologia (forma) dos espermatozoides, levando a diminuição da motilidade. Os motivos destas alterações ainda não foram claramente elucidados, mas acredita-se que podem incluir hipertermia (aumento da temperatura na bolsa escrotal - sendo que a espermatogênese deve ocorrer a temperaturas mais baixas, em torno de 35º), hipoxia (diminuição de oxigênio nos testículos), diminuição do fluxo sanguíneo intratesticular e no epidídimo, alterações hormonais intratesticulares, estresse oxidativo e refluxo de metabólitos do rim e suprarrenal.

Os sintomas incluem prurido (coceira), dor, peso ou desconforto na bolsa escrotal, mas geralmente é assintomática. Também não é comum a presença de disfunção erétil (impotência), apenas em casos de varicocele bilateral e grau III, rara (veja os graus abaixo). Nos casos de maior gravidade, se não for feito o tratamento, os testículos podem atrofiar, havendo a redução da produção de testosterona, o que muitas vezes causa a impotência. Os sintomas são agravados quando o paciente está em pé, porque a drenagem sanguínea fica dificultada ou quando faz esforços físicos, principalmente quando contrai os músculos do abdome.

O diagnóstico é feito através do exame físico, com o paciente em posição ortostática (de pé) e examinado em sala aquecida, idealmente, mas tem sensibilidade e especificidade de apenas 70%. Pode-se fazer o auto-exame, procurando varizes palpáveis ou visíveis, mas idealmente deve-se passar com um urologista. Existe uma graduação da varicocele, para aquelas diagnosticadas com o exame físico (varicocele clínica):

  • Grau I – Varicocele pequena, sendo palpável apenas com aumento da pressão abdominal. (tossir ou assoprar contra uma resistência - "manobra da Valsalva");
  • Grau II – varizes palpáveis sem o auxílio da manobra de Valsalva;
  • Grau III – varizes visíveis através da pele do escroto.

O exame complementar padrão-ouro para o diagnóstico do refluxo venoso no plexo pampiniforme (varicocele clínica e subclínica) é a venografia de veia espermática. Também podem ser feitos ultrassonografia com doppler colorido, termografia escrotal e cintilografia.

O tratamento da varicocele é indicado naqueles que apresentam sintomas (prurido intenso, dor, inchaço importante), infertilidade ou sinais de atrofia do testículo. Homens mais velhos, que não apresentam sintomas e não desejam mais ter filhos não precisam ser operados.

Existem duas opções para a correção da varicocele:

  • Ligadura cirúrgica das veias varicosas (pode ser realizada por diversas vias: retroperitoneal, inguinal, subinguinal ou laparoscópica. A via subinguinal com magnificação óptica aumenta a probabilidade de preservação dos vasos arteriais e linfáticos, reduzindo significativamente o risco de recorrência da varicocele em relação à laparoscopia e cirurgias sem magnificação). É feita rapidamente (45 minutos, em média), com anestesia geral, e o paciente tem alta em um a dois dias, mas deve evitar esforços físicos por duas a quatro semanas e relações sexuais por dez dias.
  • Embolização percutânea (oclusão da veia espermática interna - está associada a taxas de recidiva superiores aos métodos cirúrgicos convencionais, além de complicações relacionadas ao método).

A correção da varicocele melhora o espermograma e corrige a infertilidade em 50% dos casos (grau de evidência B). As chances de gravidez convencional podem aumentar até 2,8 vezes após o tratamento cirúrgico. Porém, a infertilidade pode ser multifatorial, o que faz com que a correção da varicocele em alguns pacientes apenas atenue o problema, sem resolvê-lo por completo.

A varicocele não é uma doença grave, e se tratada corretamente e no momento adequado, não traz grandes consequências. Entretanto, em caso de suspeita de varicocele, um urologista deverá ser consultado para avaliação e tratamento correto, se necessário.

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