O Pecado é um conceito encontrado em toda e qualquer religião. O termo vem do grego hamartáno e do hebraico hhatá, com o significado de ‘errar’ um alvo, um objetivo determinado. Em latim, a expressão transforma-se em peccátu. Assim, esta palavra tem uma conotação religiosa, espiritual, referindo-se ao não cumprimento dos desígnios de Deus, à violação de suas Revelações. Os judeus sempre viram a transgressão de qualquer um dos mandamentos sagrados como um pecado. Para eles, o Homem não peca porque em sua natureza é um pecador, seus erros são frutos de suas ações, não são práticas permanentes. Infringir as Leis Judaicas não significa falhar moralmente. Segundo a doutrina hebraica, o ser humano tem o livre arbítrio, portanto tem responsabilidade sobre seus erros, embora tenha uma certa inclinação natural para o pecado – nem por isso os judeus crêem que o Homem já nasceu como um pecador, nesse sentido ele definitivamente não é herdeiro de Adão.
Entre os cristãos, muitos vivem com medo de serem condenados na Eternidade pela prática do pecado. Outros, ao contrário, acham que podem alcançar a perfeição sem cair nas armadilhas dos atos pecaminosos. De uma forma mais ampla, pode-se afirmar que o pecado é a violação de qualquer acepção religiosa, ética ou moral, seja por incúria ou por falta. O homem, seja qual for sua cultura original, constrói em seu universo interior regras éticas e de conduta moral, suas crenças pessoais. No momento em que elas são transgredidas, nasce a culpa. Trata-se aqui do pecado cometido no coração. Há também o pecado mortal, que separa o homem de Deus, configurando assim a morte espiritual. Neste momento, como Adão e Eva ao comerem da Árvore do Conhecimento, o pecador é condenado. Este deve então se regenerar, através da confissão de sua culpa, do arrependimento sincero e da penitência diante de Deus.
Quanto aos pecados veniais, eles são os mais leves e menos comprometedores, que não levam à ruptura com a Providência Divina, pois eles dizem respeito apenas à não obediência a alguns preceitos morais. Os católicos consideram pecado mortal violar algum dos Dez Mandamentos, ter consciência dos erros cometidos e mesmo assim cometê-los voluntariamente. Os pecados considerados imperdoáveis são os cometidos contra o Espírito Santo, o que significa a não aceitação da ação divina, a negação da Misericórdia e do perdão de Deus, assim como uma persistente prática de atos pecaminosos. Já o pecado original refere-se à transgressão primeira praticada por Adão e Eva, pretensamente estimulada pela mulher, considerada a primeira pecadora da raça humana. O casal desobedeceu diretamente ao Criador ao comer do fruto do conhecimento. Assim, este erro estendeu-se para toda a Humanidade, tornando-se uma herança do Homem.
Uma novidade em termos de pecado foi introduzida pela Teologia da Libertação, o ‘pecado estrutural’, inicialmente batizado de ‘pecado social’. Ele se refere aos ecos do pecado na vida da sociedade, já que o homem também é um ser social e suas atitudes repercutem no universo social. Esta doutrina também revela que há contextos sociais que também são pecaminosos, ou seja, há erros cometidos pela sociedade, não apenas por pessoas – daí o ‘pecado social’. Assim, desenvolve-se simultaneamente um pecado inserido nas próprias estruturas sócio-políticas, econômicas e culturais, que têm conseqüências igualmente dolorosas – o ‘pecado estrutural’.
Antigamente, como se vê no Antigo Testamento, o homem se redimia de seus pecados através do sacrifício de animais a Deus, em troca do perdão de suas faltas. No Novo Testamento, é Jesus quem se sacrifica pela Humanidade, quem vem salvar o Homem de seus pecados. O Messias é considerado o intermediário entre o ser humano e o Criador. Segundo a concepção católica, o pecado venial, mais leve, justifica apenas uma passagem temporária pelo Purgatório, e o pecado mortal, mais grave, corresponde a um castigo eterno no Inferno, se não houver a confissão e o arrependimento verdadeiro. Já o pecado original é expiado através do batismo.
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