Segundo alguns autores que discorrem sobre o Sionismo Cristão, entre eles Stephen Sizer, o movimento moderno pode ser compreendido mais claramente através do conceito de dispensacionalismo, ou seja, pela crença de que o ser humano deverá atravessar sete eras de provações divinas que desembocarão no Armagedón – confronto final entre Deus e a Humanidade, o qual será desencadeado no mítico Monte Megido, próximo ao Rio Eufrates – e no segundo advento do Messias.
Este ideal inspira os chamados sionistas cristãos, ala ideologicamente conservadora. Esta associação lobista conjuga comunidades, instituições e pessoas que exercem vasta ascendência sobre os governantes das nações do Ocidente, com o objetivo de angariar a necessária proteção para que, assim, possam concretizar suas aspirações sionistas, abrigadas na concepção ultranacionalista judaica que sustentam, não somente em Israel, mas em todas as partes do Planeta.
Neste jogo o povo judeu e o moderno Estado de Israel desempenham uma performance significativa, tanto quanto o sionismo – corrente política global que defende a construção de uma pátria para os israelitas no território israelense – e o dispensacionalismo. Esta corrente é especialmente forte na Grã-Bretanha, país no qual o movimento dispensacionalista se desenvolveu e o sionismo cristão foi defendido por ícones do poder como Lord Shaftesbury, Lord Arthur Balfour e Lloyd George, e nos Estados Unidos, que deu impulso a estes ideais principalmente a partir da liderança de George Bush na Casa Branca, nos anos 90, que deu maior poder ao movimento neoconservador nesta nação.
Para os adeptos desses movimentos, o povo de Israel é movido por vaticínios, votos e sinas distintos dos que guiam a Igreja, e Deus ratifica todas as ações praticadas pelo Estado de Israel. Por esta razão, todas as realizações israelitas deveriam ser sustentadas e glorificadas pelo restante do mundo, principalmente porque eles são o povo escolhido, os líderes do Reino Divino. Assim, os que reconhecerem seu poder serão abençoados pelo Senhor.
Segundo esta concepção, os hebreus detêm o direito divino sobre o território que configura o Oriente Médio, Jerusalém é a sede político-administrativa apenas dos judeus, o Templo deve ser reedificado, os árabes são os adversários dos que crêem em Deus e o final do mundo virá junto com a guerra final conhecida como Armagedón, e todos os que estiverem ao lado dos israelitas continuarão a viver.
Esta corrente religiosa está enraizada na Reforma Protestante, que deu às Sagradas Escrituras um teor literal ao inserir seu conteúdo em um painel histórico contemporâneo. Sua escatologia - pretensa ciência das coisas que irão suceder após o fim do mundo -, que se tornou preponderante nos Estados Unidos no fim do século XVII, adotou recentemente uma feição pós-milenarista quando passou a disseminar a ideia de que a conversão judaica atrairia para toda a Humanidade a graça divina.
Embora o lobby sionista englobe principalmente adeptos de procedência judaica, ele também abriga membros do movimento protestante fundamentalista dos Estados Unidos e da nação britânica. A principal instituição norte-americana com este perfil é o AIPAC - American Israel Public Affairs Commitee (Comitê de Assuntos Públicos EUA-Israel), associação que detém extremo poder neste país.
A presença de alguns setores evangélicos neste movimento se explica por sua crença em que Jesus só retornará à Terra quando os hebreus estiverem estabelecidos em Israel, particularmente em Jerusalém. Fortalecer o sionismo cristão, portanto, precipitaria este evento, e confirmaria os desígnios divinos, segundo os quais Israel deve ser o núcleo central do governo universal, que seria então instituído, após o cumprimento das profecias bíblicas.
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