O suspense envolve uma sensação de hesitação ou impaciência diante dos desdobramentos de certo evento. Este recurso está normalmente ligado à impressão do leitor durante a leitura de uma narrativa que envolve elementos dramáticos. Mas este instrumento não é utilizado unicamente pela literatura; ele pode estar presente nos contextos que apresentam a probabilidade da ocorrência de um mega acontecimento ou em um instante de alta emoção. Nesses casos a tensão é o sentimento predominante.
Esta sensação desperta quando uma pessoa sente em seu íntimo uma profunda inquietação ante o desconhecimento das consequências de um fato importante. O suspense pode então ser definido como uma junção da presciência com a dúvida e um porvir misterioso.
Este elemento da narração é visto por muitos como um ingrediente ativo do roteiro. O pesquisador Meir Sternberg adota um ponto de vista retórico-funcionalista e o avalia como um dos diversos instrumentos motivadores da história. Segundo o autor, a narrativa pode ser concebida como fruto da relação entre suspense, curiosidade, surpresa e a duração do processo comunicativo.
Neste mesmo viés ele considera o relato como um conteúdo no qual essa relação predomina. O processo narrativo, nesse caso, passa de um provável acessório ou de um desempenho coadjuvante a uma posição de preceito moderador, o primordial entre as primazias da conexão entre narrativa e leitura.
Assim, segundo esta visão, o suspense se configura como o contrário da curiosidade, pois para sua ocorrência é imprescindível a criação de um relato cronológico, pois sua principal característica é um destino enigmático. Já o seu oposto gera uma atmosfera secreta com a simples mudança na sequência da apresentação dos fatos.
Raphaël Baroni prefere utilizar uma concepção mais ampla, e para isso adota a expressão ‘narrativa tensional’ para esclarecer a sensação de agonia desencadeada por uma história indecifrável que posterga ou distende a resolução da trama, tensionando o leitor por meio de atitudes vacilantes e suas finalidades estéticas.
Levando-se em conta a tensão na diligência da trama, deve-se conceber o ardil da intriga como fundamental na estruturação da narrativa. Ou pode-se avaliar que a criação de um bom enredo passa pela desvirtuação do relato por um narrador indeciso que deseja converter sua história em um mistério.
Seguindo esse ponto de vista, pode-se dizer que o enredo misterioso contrapõe-se à história nítida e organizada. De qualquer forma, deve-se ter em mente que o suspense não é apenas um ingrediente da ficção, de produções cinematográficas hollywoodianas ou de romances policiais. Ele está também onipresente nos romances convencionais.
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