Auguste Comte

Nascido na França em 1798, onde viveu até 1857, o filósofo Auguste Comte é considerado um dos grandes precursores da Sociologia, tendo exercido influência direta em muitos pensadores que o sucederam, entre os quais faz-se necessário destacar o clássico Émile Durkheim. A importância de Comte deu-se sobretudo pela criação da corrente filosófica do positivismo, que alcançou relevância mundial, deixando, inclusive, grandes marcas na formação histórica da república brasileira.

Apreensivo, Comte observava a decadência do sistema feudal e a emergência da sociedade moderna e urbana na Europa. Tal transição não foi serena, mas marcada por grandes conflitos relativos à adaptação dos indivíduos e instituições as novas formas de organização do trabalho e da vida coletiva. Comte acreditava que o núcleo de uma sociedade era a unidade alcançada a partir de um mesmo pensamento e forma de ver o mundo. Portanto, a crise que testemunhava nesse período de transição para o mundo moderno, era, para ele, uma crise causada pela falta de um consenso coletivo – que anteriormente teria existido em torno de formas religiosas de organizar a vida social. A solução seria acelerar a formação de um novo consenso baseado no pensamento científico, que naturalmente se tornaria homogêneo na sociedade que despontava. Essa nova forma de pensar seria denominada por Comte como forma positiva, isso é, como o positivismo.

Lei dos Três Estados

O positivismo era visto por Comte como uma evolução inevitável da natureza humana. Para ele, todas as sociedades – de diferentes épocas e territórios – passariam necessariamente por três estados consecutivos, cada um caracterizado por uma forma de pensar predominante. No primeiro estado, o teológico, os fenômenos sociais e da natureza seriam explicados enquanto resultados das ações divinas. No segundo estado, o metafísico, a busca por explicações recorreria a uma reflexão sobre a essência e o significado abstrato das coisas. Por fim, no estado positivo, as explicações sobre o mundo natural e social seriam fabricadas através da observação dos fenômenos, da elaboração de hipóteses e da formulação de leis universais. Ou seja, basicamente utilizando as regras do método científico.

Levando essa percepção em conta, a missão de Comte torna-se elaborar uma ciência positiva capaz de explicar os fenômenos sociais através da aplicação da metodologia científica em busca de leis universais que fossem válidas para as dinâmicas humanas em todos os tempo e sociedades. O nome que Conte deu a essa ciência, a “física social”, revela que, para os positivistas, seria possível estudar a sociedade e formular suas leis de funcionamento com a mesma precisão e objetividade que se estuda o efeito da gravidade sobre os corpos ou o movimento dos astros no sistema solar. Uma vez conhecidas essas leis universais, a expectativa de Comte era de que os conflitos sociais pudessem ser eliminados através de reformas e intervenções comandadas pelo Estado. O positivismo de Comte se apresenta, portanto, não apenas enquanto teoria, mas também como projeto político para a gestão da sociedade.

Apesar da grande influência que teve o positivismo, a ideia do progresso científico como destino comum a todos os povos e da história como um caminho de sentido único, atualmente é encarada como uma estratégia colonizadora que pretende impor a força os modos de vida ocidental para outras culturas.

Bibliografia:

ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

SUPERTI, Eliane. O Positivismo no Brasil e a Revolução de 30: a construção do Estado Moderno no Brasil. Dissertação de Mestrado, São Carlos: UFSCar, 1998.

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