Dependência física

Dependência física e dependência química se atrelam a indivíduos que fazem o uso constante de determinadas drogas. Em menor ou maior grau, ambas precisam estar presentes para que um diagnóstico de dependência seja confirmado. O uso constante associado a altas doses da droga leva o organismo a modificar seu sistema, se estabelecendo um novo equilíbrio, adaptando-se à substância em questão. Ao parar de fazer o uso de certas drogas, o indivíduo tende a sentir sintomas físicos, relacionados à falta da substância química em seu organismo. Com isto, há um estímulo para que continue a utilizar a droga, que se mantendo constante no corpo acaba por eliminar os desconfortos. Esses sintomas são conhecidos como “Síndrome da Abstinência”, que aparecem a cada vez em que a concentração da substância química diminui no organismo. Com o uso crônico dessas drogas, o indivíduo também tende a requerer doses cada vez maiores, a fim de alcançar os mesmo resultados observados em doses ora menores. Este mecanismo é definido como tolerância, que associado à síndrome da abstinência acaba por levar a um quadro de dependência física.

A síndrome da abstinência é caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas resultantes da falta da droga no organismo de um dependente químico. Como essas substâncias agem no Sistema Nervoso Central, são conhecidas como drogas psicoativas, e tendem a modificar o gradiente químico normal do sistema. Desta forma, essas manifestações são reflexos do desequilíbrio metabólico provocados pela interrupção do uso da substância química. Envolve sensações de mal-estar e sofrimento físico e mental, em diferentes graus, diferindo para cada indivíduo e tipo de droga. Podem aparecer algumas horas depois que fez o uso, ou até dias depois de que foi consumida pela última vez. As manifestações mais graves podem levar o indivíduo à morte, como àquelas observadas ao uso de heroína e álcool. Em relação aos dependentes de álcool, os sintomas da abstinência podem incluir de um simples tremor nas mãos, até sintomas mais intensos como os gastrointestinais, incluindo náuseas e vômitos, e confusão mental conhecida como “delirium tremens”, em que o indivíduo perde a percepção do ambiente, manifestando alucinações e ilusões que parecem reais, associados a tremores marcantes, arritmia cardíaca e sudorese excessiva, colocando em risco a vida do usuário. Sintomas semelhantes podem ser observados em indivíduos que fazem uso de fármacos pertencentes às classes dos benzodiazepínicos e barbitúricos.

Aproximadamente metade dos indivíduos que fazem o uso do álcool irão sentir os sintomas da abstinência, ao cessarem ou diminuírem o seu uso. Também, cerca de 3% a 5% desenvolverão o “delirium tremens”. Sem o devido tratamento, a taxa de mortalidade desses indivíduos pode chegar a até 40%, sendo de suma importância a correta avaliação e tratamento.

Felizmente, com os medicamentos disponíveis atualmente grande parte dos indivíduos que sofrem de dependência física podem ser tratados. Contudo, outro fator preocupante deste estado é a dependência psicológica presente na maioria dos pacientes. Essa dependência, que também surge com a interrupção do uso da droga, está associada a um estado de grande mal-estar e desconforto, envolvendo sintomas de ansiedade, falta de atenção e sensação de vazio, variando em grau de pessoa a pessoa. Por ser mais difícil de ser tratada, é a dependência psicológica que, na maioria das vezes, acaba por fazer com que o indivíduo volte a consumir a droga.

O tratamento frequentemente envolve o uso de medicamentos, como os benzodiazepínicos, barbitúricos e metadona, que devem ser utilizados com cautela e sob supervisão médica, por também poder resultar em dependência.

Referências bibliográficas:

Dependência. Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Universidade Federal de São Paulo. Disponível em http://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/quest_drogas/dependencia.html. Acesso em 11/11/2016.

Álcool e Drogas sem Distorção. NEAD - Núcleo Einstein de Álcool e Drogas do Hospital Israelita Albert Einstein. Disponível em . Acesso em 11/11/2016.

Delirium tremens. Disponível em . Acesso em 12/11/2016.

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