Os digitálicos ou glicosídeos cardíacos são substâncias que derivam de plantas da família da dedaleira (Digitalis sp.). Apresentam alta eficácia no tratamento da Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) e remodelagem cardíaca, sendo utilizada para este fim desde o século XIX.
Estando presente em muitas plantas e determinadas espécies de sapos, esses compostos apresentam em comum um núcleo esteroidal de aglicona ligado a um anel de lactona insaturado nas estruturas químicas que os compõem.
Foi no final do século XVIII que sugeriram pela primeira vez a provável ação dos digitálicos sobre o coração, mas somente em 1910 que foi observado seu efeito estimulante sobre a musculatura cardíaca, tendo a partir desta data seu efeito reconhecido. Nos anos seguintes, a eficácia clínica da digoxina foi questionada, até que na década de 1990 estudos demonstraram sua eficácia e segurança no tratamento da IC com ritmo sinusal. Com esses achados a digoxina passou a ser o glicosídeo cardíaco mais prescrito, por apresentar, entre outros aspectos, um evidente perfil farmacológico, possibilidade de mensuração do nível sérico e apresentação em diferentes vias de administração.
A insuficiência cardíaca é uma síndrome de caráter complexo que envolve alterações no sistema cardiovascular, incluindo modificações moleculares, bioquímicas, morfológicas e funcionais. Tentando restabelecer as funções, em um mecanismo compensatório, sua progressão resultará em disfunção ventricular, com redução do débito cardíaco e aumento das pressões de enchimento e vasoconstrição periférica. Desta forma, o tratamento medicamentoso desta patologia está baseado principalmente no uso de diuréticos, vasodilatadores, antagonistas neuro-hormonais e digitálicos.
Também conhecidos como cardiotônicos, esses fármacos atuam aumentando a força de contração e o débito cardíaco. Os principais medicamentos pertencentes a esta classe são a digoxina, digitoxina e a metildigoxina.
Nas membranas das células, inclusive nas cardíacas, chamadas cardiomiócitos, existem proteínas conhecidas como bomba de sódio (ou Na+/K+ ATPase). A digoxina exerce sua provável ação no sítio de ligação do K+, competindo com este íon na bomba que age trocando o Na+ intracelular pelo K+ que está no meio extracelular. No meio extracelular, este Na+ será trocado pelo Ca++ intracelular. Com a inibição da bomba de sódio, haverá aumento do Na+ intracelular, alterando a excitabilidade das células, e aumentando a concentração do Ca++ intracelular, que por sua vez irá prolongar a contração das fibras miocárdicas. Apesar de esta proteína ser constitutiva nas células, as concentrações utilizadas desses digitálicos faz com que apenas as células musculares e neurônios sejam afetados de forma significativa pelo efeito inotrópico positivo desses fármacos.
Os efeitos observados são:
Podem sofrer interações com diversos fármacos, dentre os quais estão a colestiramina (diminuição de sua absorção), antiácidos (redução da concentração plasmática), tiroxina (aumento da eliminação), eritromicina, omeprazol e tetraciclina (aumento da absorção), diuréticos como a espironolactona, amilorida e triantereno (interferem nos níveis dos íons) além de outros, devendo haver um remanejamento da dose ou substituição desses fármacos, quando necessário.
Os principais efeitos adversos observados são:
A digoxina sofre eliminação pelo rim.
Seus efeitos geram resultados impactantes sob o Sistema Único de Saúde, por reduzir gastos, principalmente com hospitalizações por doenças cardíacas relacionadas.
Referências bibliográficas:
Revista Brasileira de Cardiologia. Revigorando os digitálicos. Disponível em http://www.rbconline.org.br/artigo/revigorando-os-digitalicos/, acesso em 16/09/2016.
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