Os diuréticos são medicamentos que aumentam a eliminação do sódio (sal) e água através da urina. Desta forma, atuam previamente estimulando a excreção de íons sódio (Na+), cloro (Cl-) ou bicarbonato (HCO3-), que são os principais eletrólitos presentes no fluído extracelular.
São utilizados principalmente para tratar a hipertensão arterial e quadros de edema (acúmulo de água resultando em inchaços), bem como outros distúrbios como a insuficiência cardíaca congestiva (ICC), insuficiência renal crônica e glaucoma.
Já no século XIX, foram descobertas as propriedades diuréticas de compostos presentes em determinados herbáceos. Em 1884, a cafeína foi identificada como o componente diurético presente no café. A descoberta dos inibidores da anidrase carbônica se deu em 1949, através da observação da ação da sulfonilamida, incentivando a procura por outros compostos derivados e resultando na descoberta de diversos fármacos, como a acetazolamida e furosemida. A partir de então, diversos diuréticos foram introduzidos na terapêutica, sendo a classe de fármacos mais utilizada no tratamento de pacientes hipertensos.
Isso pode ser explicado devido às suas vantagens, como a alta eficácia e baixo custo, além de poderem ser usados em associação a outros anti-hipertensivos, aumentando os efeitos.
Para o entendimento do mecanismo de ação dos diuréticos, se faz necessário uma breve explicação da fisiologia renal:
O néfron é a unidade funcional básica dos rins, que é constituído por um glomérulo, túbulos contorcidos proximal e distal, alça de Henle e ducto coletor. A urina tem sua formação no glomérulo, onde é ultrafiltrada para que fique livre de substâncias celulares não filtráveis, como as hemácias, leucócitos e proteínas plasmáticas, formando um fluído praticamente sem proteínas. Este fluído então passa pelo lúmen do néfron, onde ocorre uma série de alterações em sua composição – 98 a 99% da água juntamente com uma porção de eletrólitos (Na+, K+, Cl-, HCO3-), além da glicose e ureia sofrem reabsorção no túbulo. O que resta, a urina, é então eliminada, correspondendo a aproximadamente 1,5L /dia.
Desta forma, os diuréticos podem ter sua ação na filtração glomerular, na reabsorção tubular ou na excreção tubular.
Apesar de apresentarem diferenças em relação ao local de ação no néfron e duração de ação, os diuréticos têm em comum a propriedade de estimular a eliminação dos íons Na+ pela urina. Como o Na+ não é excretado isoladamente, ele carrega a água do sangue, havendo aumento do volume urinário e a consequente redução da quantidade de líquido nos vasos sanguíneos, reduzindo a pressão exercida nas paredes das artérias.
Considerando o efeito que produzem, podem ser classificados em:
Abaixo são listadas as principais classes de diuréticos, com os respectivos representantes farmacológicos.
Isossorbida, sorbitol e manitol.
O manitol é o único utilizado como diurético, geralmente associado à furosemida no tratamento da oligúria e anúria, que constiste na diminuição e ausência da produção de urina, respectivamente.
Por possuírem caráter hidrofílico, não são absorvidos pelas células tubulares, criando uma pressão osmótica no interior do túbulo e, com isto, impedindo que a água seja reabsorvida, sendo eliminada.
Acetazolamida e a indapamida.
Compostos saluréticos, que apresentam rápida tolerância se administrados por períodos superiores a 48 horas. Utilizados no tratamento do glaucoma.
Inibem reversivelmente a enzima AC no túbulo contorcido proximal, promovendo a diminuição de prótons (H+) disponíveis para a troca Na+/H+ e a consequente diminuição da reabsorção (aumento da excreção) de Na+ e água. Por também haver excreção do íon bicarbonato, ocorrerá a alcalinização da urina e acidificação do sangue.
No glaucoma, os inibidores da AC reduzem a pressão intra-ocular, devido a alta concentração desta enzima no globo ocular, local onde ocorre a secreção do humor aquoso.
Furosemida, bumetamida, ácido etacrínico.
Usados no tratamento do edema.
Inibem o co-transporte de Na/K/2Cl no ramo ascendente da Alça de Henle. Devido a depleção de eletrólitos (Na, Cl, Mg, Ca e K), podem causar arritmia.
A furosemida possui acentuado poder de excreção de água, comparado às tiazidas.
Clorotiazida, hidroclorotiazida.
Compostos saluréticos. Atuam no co-transporte dos íons sódio e cloreto (Na+ - Cl-). Promovem eliminação moderada de água. Podem provocar hipocalemia (baixa concentração de potássio). Úteis em todos os tipos de descompensação cardíaca.
Espironolactona, amilorida e triantereno.
Utilizados no edema associado à ICC e cirrose hepática (em combinação com tiazidas).
São antagonistas competitivos da aldosterona, diminuindo a reabsorção ativa de Na+. Não promovem a excreção de potássio pela urina.
Para um tratamento efetivo, os diuréticos devem ser prescritos em conjunto a uma dieta com baixo teor de sódio, além de hábitos de vida saudáveis como a prática de atividade física.
Referências bibliográficas:
KOROLKOVAS A; BURCKHALTER J.H. Química Farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.
Diuréticos. Disponível em < https://pt.wikipedia.org/wiki/Diur%C3%A9tico> , acesso em 08/09/2016.
Diuréticos – furosemida, hidroclorotiazida, indapamida… Disponível em < http://www.mdsaude.com/2008/11/para-que-servem-os-diurticos.html> , acesso em 08/09/2016.
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