Expectorantes

Expectorante é uma droga capaz de provocar ou promover a remoção de impurezas do ar inspirado. Para uma melhor compreensão dos efeitos dos expectorantes, é necessário conhecer o funcionamento dos sistemas respiratório e mucociliar.

O sistema respiratório tem a função de promover a troca de gases do organismo com o meio, através de um sofisticado sistema envolvendo órgãos diversos. Com isto, o oxigênio necessário às funções vitais é mantido em concentrações ideais, sendo conduzido aos tecidos e células por meio do sistema circulatório. Também, o dióxido de carbono pode ser eliminado, estabelecendo um equilíbrio entre os gases dentro de nosso corpo. Por este sistema, mais de 10.000 litros de ar atmosférico são filtrados, diariamente.

Juntamente com o ar atmosférico, diversas substâncias podem ser inaladas, inclusive partículas tóxicas e micro-organismos patogênicos, como fungos, vírus e bactérias. Desta forma, o sistema de filtração pulmonar funciona como um mecanismo de defesa não específico, atuando contra uma gama de agentes lesivos, que podem promover desde uma disfunção do sistema e inflamação, até o desenvolvimento de neoplasias (câncer de pulmão), caso sejam absorvidas. De um modo geral, praticamente todas as partículas que chegam aos alvéolos e parênquima pulmonar são eliminadas. As partículas maiores ficam retidas nas fossas nasais, sendo eliminadas pelo sistema mucociliar.

O sistema mucociliar compreende a nasofaringe e árvore traqueobrônquica, onde está presente um epitélio ciliado revestido por muco, que faz a umidificação do ar e protege a mucosa. O muco é produzido pelas células caliciformes e pelas glândulas dos brônquios. Os cílios atuam de modo a encaminhar o muco em direção à glote e posteriormente até a orofaringe, onde será ingerido ou eliminado. Em condições fisiológicas o muco é composto por aproximadamente 95% de água e 5% de glicoproteínas (além de eletrólitos, demais proteínas e proteoglicanos), porém, numa situação patológica, ocorre uma diminuição da concentração de água e aumento de glicoproteínas, fazendo com que este se torne mais viscoso, havendo dificuldade para sua eliminação e recebendo o nome de catarro.

Desta forma, algumas doenças podem comprometer o sistema respiratório, tais como a pneumonia, enfisema, asma e tuberculose, que acometem as vias respiratórias e promovem o aumento do espessamento do muco. Existem medicamentos que podem ser utilizados para eliminar o muco, como os pertencentes à classe dos expectorantes, que atuam de modo a facilitar sua eliminação pelas vias aéreas.

Segundo o mecanismo de ação, os expectorantes podem:

  • Facilitar a excreção da secreção brônquica ao reduzirem a viscosidade do muco ou ainda, promover o aumento do conteúdo líquido, aumentando a fluidez da secreção;
  • Promover irritação brônquica e, consequentemente, o estímulo do reflexo da tosse.
  • Desta forma, os expectorantes podem ser classificados em dois tipos:

    Expectorantes mucocinéticos ou mucolíticos

    São indicados em quadros onde a secreção se apresenta espessa e purulenta, promovendo a diminuição da viscosidade do muco e facilitando sua eliminação.

    Exemplos de fármacos:

    • Acetilcisteína: interage com as mucoproteínas presentes na secreção brônquica, sendo eficaz na redução da consistência e elasticidade do muco. Pode provocar broncoespasmos, devendo ser utilizado com cautela por pacientes com asma brônquica.
    • Bromexina e Ambroxol: atua reduzindo a viscosidade do muco e ativando o epitélio ciliar, facilitando o transporte e a expectoração, aliviando a tosse.

    Expectorantes reflexos

    Promovem a irritação da via respiratória, fazendo com que as glândulas brônquicas secretem muco na concentração fisiológica, com 95% de água e 5% de glicoproteínas. Esse muco se solubiliza ao catarro, tornando-o menos fluído e facilitando sua eliminação.

    Exemplos de fármacos:

    • Iodeto de potássio: atua nas terminações nervosas do estômago, promovendo um aumento do reflexo das secreções salivares, nasal, lacrimal e também, traqueobrônquica. Efeitos adversos incluem náuseas e vômitos. Contraindicado para gestantes.
    • Guaifenesina: provoca irritação gástrica com ação direta sob as terminações nervosas. Podem causar diminuição da adesão plaquetária, devendo ser utilizada com cautela em pacientes com distúrbios da coagulação.

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