Fusos horários

Nosso planeta gira em torno do seu eixo imaginário ao executar o movimento de rotação, que leva quase 24 horas (mais precisamente 23 horas, 56 minutos e 4 segundos) para ser concluído e reiniciar. Portanto, é esse movimento da Terra que determina o passar das horas e a sucessão dos dias e das noites, fazendo com que, em um mesmo momento, diferentes pontos longitudinais da superfície terrestre tenham horários diversos.

A relação entre a rotação e o quanto a Terra gira por hora pode ser calculada de modo muito simples. Sabendo-se que o planeta possui formato esférico e que a medida de uma circunferência em graus é de 360°, podemos dividir esse valor pelo número 24 (referente às horas de uma volta completa) para perceber que em cada hora que passa, o planeta gira sempre 15°. Foi essa constatação que fez com que os astrônomos dividissem a Terra em 24 partes iguais, de norte a sul, criando os fusos horários.

Em 1884, ocorreu a Conferência Internacional do Meridiano, em Washington (EUA). Nessa ocasião, representantes de 25 países definiram que as regiões situadas num mesmo fuso adotariam o mesmo horário e que o meridiano de Greenwich (Inglaterra) seria a linha de referência para definir as longitudes e acertar os relógios em todo o planeta. Deste modo, estabeleceu-se que o fuso referencial é o que se estende de 7°30’ para leste e 7°30’ para oeste de Greenwich (0°). A hora que o fuso referencial determina recebe o nome de GMT (Greenwich Meridian Time) e, assim como nele, todos os fusos possuem um meridiano no centro. Além da referência para a mudança das horas, também foi necessário definir a mudança da data no mundo e, estabeleceu-se que o meridiano de 180° – ou antimeridiano, por ser oposto a Greenwich – seria a Linha Internacional de Mudança de Data (LID).

Entre cada fuso horário existe uma hora de diferença, e como a Terra gira de oeste para leste, deve-se somar horas se for para leste e subtraí-las se for para oeste. Deste modo, os dois fusos imediatamente seguintes ao de Greenwich se estendem até 22°30’ para leste (com uma hora a mais) e 22°30’ para oeste (com uma hora a menos), e assim também ocorre com os demais fusos que, sucessivamente, a cada 15° para leste terão uma hora adiantada e a cada 15° para oeste terão uma hora atrasada. Essas delimitações correspondem aos limites teóricos dos 24 fusos do planeta. Porém, para determinar o horário em cada localidade, não se pode ignorar os recortes territoriais dos diferentes países e suas unidades político-administrativas internas, como estados e municípios. Em decorrência disso, foram criados os limites práticos, garantindo que determinados territórios possam manter internamente um mesmo fuso, mesmo que extrapolem espacialmente os limites teóricos, o que faz com que os fusos não sejam faixas retas e contínuas ligando um polo ao outro.

A definição dos fusos horários nos diferentes territórios é uma questão política. Até 1913, o Brasil possuía um único fuso horário, até que a sanção da Lei 2.784 dividiu o território nacional em quatro fusos. Em 2008, uma lei federal reduziu o número de fusos horários para três. Porém, em 2010 houve um referendo e a população do Acre optou pelo retorno do antigo horário. Em 2013, o Senado Federal restabeleceu o horário no Acre e em parte do Amazonas para -5 horas em relação a Greenwich. Deste modo, devido à grande extensão longitudinal do território brasileiro e à existência de ilhas oceânicas, nosso país mantém atualmente uma configuração específica com quatro fusos diferentes, sendo que apenas o estado do Amazonas apresenta mais de um.

Representação que demonstra os quatro fusos horários brasileiros que vigoram atualmente e a diferença entre os limites teóricos e práticos. Ilustração: TimeZonesBoy / Wikimedia Commons [CC-BY-SA 4.0]

Fontes: ADAS, Melhem. Noções básicas de Geografia. São Paulo: Moderna, 2006.

SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral do Brasil, volume 1: espaço geográfico e globalização: ensino médio. São Paulo: Scipione, 2010.

LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Geografia Geral e do Brasil – ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2005.

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