Linfadenite caseosa

A linfadenite caseosa é uma doença infecto-contagiosa crônica causada pela bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis. A doença é conhecida popularmente como mal do caroço, pseudotuberculose ou enfermidade de Preisz-Nocard. O agente etiológico provoca abscessos supurativos nos linfonodos superficiais, internos e nas vísceras. Acomete equinos e pequenos ruminantes, mas a literatura relata casos em suínos, bubalinos, alpacas, dromedários e, em bovinos provoca lesões cutâneas, viscerais e quadros de mastite. Trata-se também de uma zoonose ocupacional, em que os acometidos apresentam uma linfadenite generalizada.

A doença é de caráter global e no Brasil a prevalência é alta, porém subnotificada, o que indica a necessidade de ações sanitárias, políticas e vigilância epidemiológica para conter sua disseminação. As pesquisas apontaram que No Estado do Ceará, 41,6% dos animais investigados apresentavam lesões características e 27,7% eram positivos para a doença.

O agente etiológico é uma bactéria cosmopolita, gram-positiva, patógeno intracelular facultativo de macrófagos, pleomórfica, não encapsulada e não produtora de esporos. Sua temperatura ideal de propagação é 37 °C, mas pode sobreviver por meses em solo, galpões, feno e fômites, principalmente em temperaturas mais baixas e maior umidade. A forma de eliminação da bactéria é pelo calor (>60 °C), formol e pH ácido.

A transmissão ocorre de forma direta ou indireta, os animais podem se contaminar por meio do contato com as secreções dos abscessos ou pela ação de vetores biológicos. Nos bovinos e bubalinos, cita-se a Musca domestica, já em equinos, inclui-se também a Haematobia irritans e a Stomoxys calcitrans. O tempo de incubação da doença varia de 7 a 28 dias, em razão das características individuais do sistema imunológico de cada hospedeiro.

Os fatores de virulência característicos da C. pseudotuberculosis são os lipídios tóxicos da parede celular e a fosfolipase D, capazes de hidrolisar as membranas das células endoteliais, favorecendo a invasão e a disseminação no organismo. Ao atingir os vasos sanguíneos, o patógeno é fagocitado por neutrófilos e macrófagos, porém ele é resistente a essa defesa e se dispersa até o linfonodo regional, de onde migram para outros linfonodos e para os órgãos do hospedeiro. A formação do granuloma se dá pela tentativa de o organismo conter o patógeno. Microscopicamente, essa massa é formada por um centro necrótico circundado por macrófagos e linfócitos (T e B), envolvidos por uma cápsula fibrótica.

A investigação da linfadenite caseosa deve se basear na anamnese, no exame clínico dos animais e observação do conteúdo das lesões, porém o diagnóstico definitivo resulta da cultura bacteriológica, seguida por identificação bioquímica e técnicas moleculares, de amostras obtidas a partir do exsudato das lesões ou de biópsias. O teste de diagnóstico de reação em cadeia de polimerase (PCR) é de alta sensibilidade para o C. pseudotuberculosis e seu uso é relevante para se diferenciar essa bactéria de outras como Arcanobacterium pyogenes, Nocardia sp, Pasteurella multocida, S. aureus e Streptococcus sp., que produzem sinais semelhantes nos animais.

O tratamento da é limitante em razão de os bactericidas não serem eficientes em penetrarem nos granulomas, mas menciona-se o uso parenteral de penicilina ou tetraciclina. A excisão cirúrgica do linfonodo afetado pode ser realizada, porém não elimina o patógeno do organismo e ainda pode disseminar a infecção.

A presença dessa enfermidade no rebanho infere em perdas econômicas ao pecuarista, principalmente pela probabilidade de os animais apresentarem a forma subclínica e propagarem a doença para os demais. Na caprino-ovinocultura diminui-se a taxa de desenvolvimento dos animais, aumenta-se as condenações de carcaça e perde-se muita lã limpa. Dessa forma, o estabelecimento de medidas preventivas é a melhor forma de proteger os animais. O uso de vacinas, quarenta dos recém adquiridos, identificação e eliminação dos infectados são estratégias que preservam a qualidade e a eficiência dos rebanhos além de conter a doença.

Referências

DOMINGUES, P. F. Linfadenite Caseosa. Associação Paulista de Criadores de Ovinos. Disponível em: Pinheiro, R.R.; Gouveia, A.M.G.; Alves, F.S.F.; Haddad, J.P.A. Aspectos Epidemiológicos da Caprinocultura Cearense. Arquivo Brasileiro Medicina Veterinária e Zootecnia v.52; n.5 Belo Horizonte, 2000.

GUEDES, M. T. et al. Infecção por Corynebacterium pseudotuberculosis em equinos: aspectos microbiológicos, clínicos e preventivos. Pesq. Vet. Bras. 35(8):701-708, 2015.

BARBOSA, E. F. L. Soroprevalência e fatores de risco associados à infecção por Corynebacterium pseudotuberculosis em pequenos ruminantes no estado de Goiás. 2016. (Dissertação em Ciência Animal) - Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás, Goiás.

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