Stalinismo

Precisamente, o termo stalinismo faz referência ao período em que Joseph Stalin ocupou o poder na URSS. Tal período se inicia ao final da década de 1920 – com a ascensão de Stalin ao posto de líder máximo do Partido Comunista soviético – e começa a se dissolver em 1953, ano de sua morte. Em termos teóricos, não há nada de muito original no pensamento stalinista. Sendo assim, não podemos dizer que se trata de uma teoria ou corrente política, mas especificamente de um regime totalitarista dos mais autoritários da história. Entretanto, regularmente usa-se o termo “stalinista” de forma genérica como um adjetivo extremamente pejorativo para designar grupos ou indivíduos socialistas que atuam de forma repressiva e ditatorial.

Como um regime político totalitário que é, o stalinismo se caracteriza pela presença de um partido único, cujo comando é exercido de forma ditatorial pelo seu dirigente e líder. O processos de tomada de decisão são centralizados e o Estado passa a deter controle sobre todas as esferas da vida social e individual, dirigindo a produção econômica e monitorando as criações artísticas, científicas, culturais e intelectuais. O stalinismo também foi marcado pela presença de uma policiamento ostensivo e a montagem de um dos maiores sistemas de espionagem da história – comandado pela famosa KGB. A perseguição aos opositores do regime foi brutal e justificado como necessário para a proteção do curso que a suposta revolução comunista deveria tomar. Os meios de comunicação foram censurados e as religiões perseguidas. A propaganda cumpria um papel importante e se fundamentava no nacionalismo e no culto à personalidade de Stalin (que tomou dimensões bizarras nos últimos anos do regime, culminado em construções de estátuas e monumentos de tamanhos grotescos com a figura do líder).

A primeira fase do stalinismo foi denominada como a “revolução a partir de cima” e visava acelerar o processo de desenvolvimento industrial do país. Essa fase foi marcada pela estatização da economia e pela centralização autoritária do poder. A partir de meados da década de 1930, após um período de crescimento econômico – acompanhado pela melhoria na qualidade de vida de boa parte da população soviética – esperava-se que Stalin desacelerasse sua forma ditatorial de governar. No entanto, seguiu-se o “grande terror”, período acompanhado pelo endurecimento da perseguição de opositores, incluindo mesmo as pessoas que haviam cumprido um papel central na revolução bolchevique. Opositores ou críticos ao governo eram acusados de traidores, eram deportados, mandados para campos de trabalho forçado ou assassinados. O stalinismo teve essa característica particular de perseguir mesmo os administradores, militares e cientistas que ocupavam cargos importantes dentro do regime, mas que apresentavam críticas a ele.

Durante muitos anos, os crimes do stalinismo permaneceram encobertados. Em parte, esse fato se explica pelos avanços sociais conquistados no período. Entretanto, o que acobertou o stalinismo foi principalmente seu engajamento na luta contra o fascismo. O papel do exército e do povo soviético no combate aos regimes fascistas foi fundamental e, em alguns momentos, solitário, não contando com o apoio de nenhuma outra nação. Entretanto, com o fim da Segunda Guerra e a derrota dos fascistas, o stalinismo expandiu seu território para além das fronteiras soviéticas e não cessou em seus ataques autoritários.

Bibliografia: BOTTOMORE, Tom (editor). Dicionário do pensamento marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001

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