Tancredo de Almeida Neves era mineiro, da cidade de São João del Rey, nascido em 4 de março de 1910. Iniciou a carreira política na cidade de origem, após concluir o curso de Direito. Em 1935, filiou-se ao Partido Progressista (PP) e tornou-se vereador em São João del Rey. Após a implantação do Estado Novo (1937), o mandato de vereador foi extinto devido ao fechamento das casas legislativas do país. Tancredo tornou-se deputado federal, em 1950, pela legenda varguista, do Partido Social Democrático. E, em 1953, deixou o cargo de deputado para tornar-se ministro da Justiça, em um período de turbulência política por conta do crescimento da oposição ao governo de Getúlio Vargas.
Tancredo Neves articulou apoio à candidatura de Juscelino Kubitschek para a presidência da República. E, nesse período, atuou como secretário de finanças de Minas Gerais (1958-1960), e presidiu o Banco Nacional de Desenvolvimento (1960-1961). Após o governo presidencial de JK, assumiu a presidência Jânio Quadros que não governou até o final do período previsto para o mandato, renunciando em 25 de agosto de 1961. O vice-presidente João Goulart sucedeu-o e presidiu o primeiro governo parlamentarista da República brasileira.
No regime parlamentarista, o primeiro-ministro possui mais atribuições do que o próprio presidente. E Tancredo Neves foi o primeiro ministro do gabinete parlamentarista desse governo. O gabinete chefiado por Tancredo Neves perdurou de 8 de setembro de 1961 a 12 de julho de 1962. O principal objetivo traçado por esse gabinete foi a integração nacional. A dissolução do gabinete de Tancredo ocorreu porque os ministros descompatibilizaram-se do gabinete para concorrerem nas eleições de 1962.
Durante o Regime Militar (1964-1985), Tancredo elegeu-se duas vezes deputado federal e uma vez senador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em 1983, Tancredo assumiu o governo do Estado de Minas Gerais pelo Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). José Sarney e Tancredo Neves apoiaram a proposta do retorno às eleições diretas, em 1984, no entanto, não descartaram a possibilidade de galgar a presidência do país via uma eleição indireta. A proposição da Emenda Dante de Oliveira pelas eleições diretas não foi aceita pela maioria no Congresso Federal, desse modo, realizou-se eleição indireta para a presidência e Tancredo Neves foi o indicado para o cargo, juntamente a José Sarney para a vice-presidência, ambos pelo PMDB.
Tancredo Neves nem sequer chegou a assumir o cargo de presidente da República que estava marcado para o dia 15 de março de 1985, pois teve que ser submetido a uma cirurgia de emergência. Assumiu o posto de presidente José Sarney, enquanto se aguardava a recuperação da saúde de Tancredo Neves. Após sete cirurgias, Tancredo Neves faleceu, em 21 de abril de 1985.
A morte de Tancredo Neves desencadeou a instabilidade política no país. Por ser o primeiro governo após o término do Regime Militar, havia a expectativa da desvinculação de política e militarismo, e a morte de Tancredo Neves ocasionava a possibilidade da retomada da ditadura militar. No entanto, o vice-presidente José Sarney, que havia assumido interinamente o cargo de presidente, tornou-se efetivamente o presidente da República, em 22 de abril de 1985, dando continuidade ao processo de transição política para um governo civil no país.
Referências:
FERREIRA, J. & DELGADO, L.N. (org). O tempo da ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins do século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. (O Brasil Republicano, v.4).
“Tancredo Neves” (Verbete). Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/biografias/Tancredo_Neves. Acessado em: 19 nov. 2017.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biografias/tancredo-neves/
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