Tumores mamários em cadelas

A palavra "tumor" refere-se a um crescimento celular anormal no organismo, que pode ser visualizado pelo aumento de volume no local afetado. Neoplasias são tumores resultantes de uma proliferação celular desequilibrada e autônoma, em decorrência de alterações genéticas herdadas ou adquiridas. De acordo com as características clínicas e comportamentais, elas podem ser de aspecto benigno ou maligno. Esse último, também é conhecido como câncer.

A neoplasia das glândulas mamárias ocorre nas diversas espécies de animais domésticos, porém a maior prevalência é em cadelas de meia idade ou idosas, sendo menos frequente em gatas e em animais jovens; já em machos, esse acometimento é bastante raro.

Os tumores mamários benignos mais comuns em cadelas incluem os adenomas, os fibroadenomas e os tumores mistos benignos. Eles crescem de forma expansiva e lenta, com possibilidade de se estacionarem ou até regredirem. Apesar de eles não representarem um risco de morte para o animal, o peso, o volume e o local de instalação na cadeia mamária, podem afetar a qualidade de vida ou provocar doenças secundárias.

Os carcinomas são os maiores representantes dos tumores malignos na espécie canina, mas há também os sarcomas (osteossarcoma, condrossarcoma, fibrossarcoma, hemangiossarcoma) e todos eles são invasivos, infiltrativos, destroem e penetram os tecidos adjacentes. Esses aspectos são cruciais na diferenciação de tumores malignos e benignos.

A etiologia dos tumores mamários é incerta, mas há fatores de risco que contribuem para sua progressão, o que inclui a carga genética do animal, os fatores hormonais e também nutricionais. Estudos apontam que em cães, as raças mais acometidas incluem Cocker Spaniel, Boxer, Poodle, Maltês, Pinscher, Labrador e Dachshund. A relação entre os hormônios da reprodução e o desenvolvimento de neoplasias mamárias está bem estabelecido; isso é demonstrado ao se comparar cadelas submetidas ou não, à ovariosalpingohisterectomia (OSH), antes do primeiro ciclo estral, em que a incidência de tumores nas primeiras torna-se quase nula.

Os componentes estruturais dos tumores em geral constituem-se de parênquima e estroma. Pela composição celular parenquimatosa tem-se a origem tecidual da neoplasia e o seu suprimento sanguíneo provém da região do estroma. A particularidade metastática das células malignas ocorre pela capacidade de se infiltrarem no estroma do tecido conjuntivo para invadirem vasos linfáticos e, posteriormente, linfonodos regionais e o ducto torácico. Elas também podem invadir diretamente os capilares, adentrarem na corrente sanguínea e se disseminarem para os demais órgãos, tendo os pulmões como principais alvos.

Para se estabelecer o tipo de neoplasia instalada no organismo e a conduta terapêutica ideal, são necessários os exames específicos e também os complementares. Exames citopatológicos são de menor custo, porém de menor acurácia; a análise histopatológica é imprescindível, pois demonstra o tipo celular, seu grau de diferenciação, proliferação, invasividade e propensão à metástase. Há também a análise imunohistoquímica, que correlaciona o comportamento do tumor e o prognóstico da doença.

Exames convencionais como hemograma e perfil bioquímico também devem ser realizados no animal, em razão de as neoplasias causarem efeitos remotos no organismo. Investigações por imagem também podem ser solicitadas, devido à possibilidade de ocorrência de metástases e também para o estadiamento clínico; a tomografia computadorizada apresenta maior sensibilidade em detectar tumores de menores dimensões, porém seu custo ainda é alto para a rotina veterinária.

O tratamento indicado inclui excisão cirúrgica e quimioterapia. A técnica da mastectomia pode variar conforme a localidade dos tumores, mas é importante retirá-los com margens seguras e suficientes para que não ocorram recidivas. Muitas vezes é necessário fazer a ressecção das duas cadeias mamárias e seus respectivos linfonodos. Posteriormente, a quimioterapia pode ser necessária para atuar contra células que estão se proliferando ativamente no ciclo celular. Emprega-se medicamentos como ciclofosfamida, doxorrubicina, carboplatina e gencitabina; os inibidores de ciclooxigenase 2 são uma nova geração de drogas que têm demonstrado boa eficiência.

Apesar de se ter tratamento para os tumores malignos, a taxa de mortalidade permanece alta.

Referências

BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Bogliolo Patologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins patologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

SILVA, Tatiana Cristina. Análise dos tipos histológicos do câncer de mama em cadelas e sua correlação com o perfil de expressão de proteínas associadas ao prognóstico. 2018. Tese – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

Kaszak, I. et al. Current biomarkers of canine mammary tumors. Acta Vet Scand, 60:66,2018.

Benavente, M. A., Bianchi C. P., Aba M. A.. Canine Mammary Tumors: Risk Factors, Prognosis and Treatments. J Vet Adv, 6(8): 1291-1300, 2016.

AVISO LEGAL: As informações disponibilizadas nesta página devem apenas ser utilizadas para fins informacionais, não podendo, jamais, serem utilizadas em substituição a um diagnóstico médico por um profissional habilitado. Os autores deste site se eximem de qualquer responsabilidade legal advinda da má utilização das informações aqui publicadas.

More Questions From This User See All

Smile Life

Show life that you have a thousand reasons to smile

Get in touch

© Copyright 2024 ELIB.TIPS - All rights reserved.