Vice-presidentes que assumiram a presidência

Ao longo da história da república brasileira a ascensão do vice-presidente ao posto de presidente ocorreu algumas vezes, desde o início da república no país até os dias mais atuais. É preciso, portanto, compreender como se deu cada um dos processos que levaram os vices à presidência.

1. Floriano Peixoto

Logo no início da República, a primeira presidência ficou ao cargo do Marechal Deodoro da Fonseca, o responsável por proclamar a república em 15 de novembro de 1889. É a partir da Constituição de 1891 que Deodoro é reconhecido presidente constitucionalmente e Floriano Peixoto seu vice. No entanto, descontente com os rumos da república então, o presidente organiza um golpe de estado, fechando o congresso nacional. A atitude do presidente gerou uma reação popular que exigia a renúncia de Deodoro. Depois de muita pressão o presidente optou pela renúncia, o que levou Floriano Peixoto, seu vice, ao poder em novembro de 1891, cargo que exerceu até novembro de 1894.

2. Nilo Peçanha

Presidente mineiro do período conhecido como República Café com Leite, quando mineiros e paulistas ocupavam o cargo máximo do executivo nacional, Afonso Pena foi eleito em 1906, tendo como vice Nilo Peçanha. Afonso Pena foi vitimado por uma pneumonia e faleceu no dia 14 de junho de 1909 no Palácio do Catete, sede do governo federal. Após sua morte Nilo Peçanha assumiu a presidência, que exerceu até a finalização do mandato em 15 de novembro de 1910.

3. Delfim Moreira

Rodrigues Alves fora eleito por duas vezes presidente da república. Na primeira vez exerceu o cargo entre 1902 e 1906. Em 1918 candidatou-se novamente e foi eleito, assim como Delfim Moreira, seu vice. Em 1918 o país passou por uma das mais profundas crises já vividas no mundo: era a Gripe Espanhola, que a cada dia vitimava mais pessoas. Rodrigues Alves foi uma das vítimas da doença e quando da data da posse, em novembro de 1918, não estava em condições de assumir, o que levou Delfim Moreira a assumir a presidência em seu lugar. Rodrigues Alves morreu em janeiro de 1919.

4. Café Filho

Vice-presidente de Getúlio Vargas, foi Café Filho que assumiu a presidência depois do suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1954. Este talvez tenha sido um dos acontecimentos mais marcantes da história do Brasil. Após o atentado a Carlos Lacerda, na Rua Toneleros, Vargas foi acusado de conspiração. Café Filho sugeriu a renúncia, mas Vargas optou por tirar a própria vida, levando Café Filho à presidência da república, cargo que ocupou até novembro de 1955, quando foi afastado do cargo por problemas de saúde e, portanto, não completou o mandato.

5. João Goulart

A ascensão de João Goulart à presidência do país após a renúncia de Jânio Quadros fez dele a figura de vice-presidente mais marcante da história da república no Brasil, pois não terminou o mandato, sendo afastado do cargo por meio de um golpe civil-militar que deu início à ditadura militar no Brasil em 1964. João Goulart encontrou dificuldades em governar: forças golpistas já tentavam o impedir de governar como era seu direito. Por conta de seu programa de reformas houve muita resistência de forças conservadoras em relação ao seu governo, que acabou no dia 1 de abril de 1964.

6. José Sarney

Primeiro vice-presidente civil do país que assumiu após o regime militar. Tancredo Neves e José Sarney foram eleitos presidente e vice pelo colégio eleitoral, por eleições indiretas. O nome de Tancredo gerava esperanças em um futuro democrático. No entanto, o presidente escolhido adoeceu e seu vice assumiu em seu lugar. Tancredo Neves morreu pouco tempo depois e José Sarney finalizou o mandato.

7. Itamar Franco

Itamar Franco passou a ocupar a presidência da república após o presidente Fernando Collor de Melo ser afastado por meio de um impeachment, quando teve seus direitos políticos suspensos por oito anos. Foi a primeira dupla eleita por voto popular, após a constituição de 1988.

8. Michel Temer

Assim como Itamar Franco, Michel Temer passou a ocupar a presidência da república em 2016 após o processo de impeachment sofrido pela presidenta Dilma Roussef. Ela foi afastada do cargo em seu segundo mandato. Cabe registrar que Temer fora peça importante no jogo político que culminou no afastamento de Dilma Roussef, que não teve seus direitos políticos cassados.

Referências:

FAUSTO, Bóris. História do Brasil. SP: EdUSP, 1995.

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

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