Arte na Grécia Antiga

O conceito de arte pode ser bastante abstrato. Considera-se arte as formas de representar algo, por meio de diferentes linguagens. A arte pode se expressar pelo teatro, pela pintura, pela escultura, pela poesia, pela arquitetura. Há teóricos que acreditam que a arte pode ser expressa pela cultura de massa como o cinema e a televisão e há também aqueles que discordam disso. No nosso tempo presente a arte pode ser observada nas paredes das ruas, pelo trabalho de grafiteiros, por exemplo. Entretanto, há algo que pauta o que entendemos como arte: é a sua relação com o belo e com a estética. Ainda que isto seja relativo e subjetivo considera-se arte aquilo que expressa e representa algo para alguma sociedade. Assim, o entendimento do que é arte varia de cultura em cultura.

A arte na Grécia Antiga ocupava um lugar de destaque na sociedade e várias foram as formas de representar as ações humanas por meio de formas e expressões. Os gregos acreditavam que a beleza estava na proporção e na simetria e por isso suas obras estavam norteadas por este princípio.

Arquitetura

A arquitetura grega, por exemplo, era baseada em linhas retas e estas até hoje servem de inspiração para as cidades modernas. Além disso, a utilização de materiais como mármores e tijolos é bastante característica.

Uma das formas de se estudar a arte grega se dá por meio dos formatos das colunas, que definiam o estilo de cada uma delas. As colunas dóricas eram colunas sem base e com a extremidade superior – mais conhecida como capitel – curva. Já as colunas jônicas tinham as extremidades inferiores e superiores adornadas por duas voltas. E as colunas coríntias eram uma mistura dos estilos dórico e jônico. As colunas são as primeiras formas que marcaram o valor da proporção e dos estilos para a sociedade grega. Para que elas fossem construídas foi necessário utilizar o conhecimento matemático que já vinha se desenvolvendo tanto na Grécia como em outras sociedades do mundo antigo. Os principais materiais utilizados na arquitetura grega eram o tijolo, a madeira e posteriormente a pedra.

Partenon em Atenas, Grécia, um dos principais monumentos do Período Clássico. Foto: Gabriel Georgescu / Shutterstock.com

Na sociedade grega os templos tinham grande importância. Por isso eram os principais edifícios das pólis. O Partenon, construído em Atenas no século V a.C., é hoje uma das edificações mais conhecidas da Grécia antiga e que perdura até os dias atuais, atraindo turistas de todo o mundo. Ele foi projetado por arquitetos, decorado e adornado com esculturas e mostra em seus traços aspectos da arte grega à época. Outros espaços também ganharam destaque nas cidades-estado gregas, tais como os teatros e os ginásios.

Assim, é importante destacar que a arquitetura grega se desenvolveu, especialmente, para a construção de espaços públicos. Eles envolviam boa parte da comunidade em sua construção e os templos são os principais exemplos de espaços públicos da Grécia Antiga. A arquitetura em pedra já era conhecida no ocidente, os cálculos matemáticos no Egito e na Mesopotâmia. Por isso é possível afirmar que a arte grega não teria se desenvolvido sem conhecer outras culturas e o conhecimento de outros povos. A arquitetura grega estava baseada no que entendiam por belo e a simetria ocupava lugar de destaque. A harmonia da formas e a proporcionalidade eram centrais e por isso as colunas – e seus diferentes estilos – tinham importância no desenvolvimento da arquitetura grega.

Teatro

Em formato semicircular e de arena, o teatro grego era construído de forma que o público – em qualquer lugar que fosse – tivesse acesso à encenação que ocorria no palco localizado ao centro. O teatro não nasceu como forma de representação de textos e peças teatrais. Ele era um local de homenagem e oferendas a Dionísio, deus do Vinho e da Fertilidade, que ocorriam durante as colheitas de uva em forma de agradecimento. Eram ritos com canções e com danças em homenagem ao deus. Havia um coro de pessoas que se dispunham de forma circular na região. O desenvolvimento do teatro grego se deu entre 550 a.C. e 220 a.C., especialmente em Atenas. Atenas foi uma importante pólis do mundo grego e é conhecida pelo desenvolvimento urbano, pelo início da democracia e pelo desenvolvimento intelectual e artístico. Muito do que conhecemos da Grécia Antiga teve sua origem em Atenas, pois era um dos grandes centros irradiadores culturais da antiguidade. O teatro, ainda que tenha se iniciado em Atenas, espalhou-se por boa parte da Grécia. Paulatinamente a forma de dançar e cantar foi ganhando novos contornos, e as representações foram ficando mais encenadas e mais dramáticas, começando aí o que conhecemos por dramatização. Para que as cenas fossem bem desenvolvidas, criou-se recursos, como as máscaras, que auxiliavam na atividade cênica. As máscaras além de compor os personagens, projetavam a voz daquele que encenava.

O teatro grego era composto por dois gêneros: a tragédia e a comédia. A tragédia foi o primeiro gênero a se desenvolver e tratava de temas místicos e religiosos, buscando contar a vida e a trajetória de heróis. Já as comédias utilizavam de recursos como a ironia para promover críticas aos governantes e mesmo para abordar questões mais sensíveis como as relações de amor e família. Até hoje algumas peças gregas são remontadas, reformuladas e adaptadas. Já estiveram em peças no mundo todo e foram base para novelas brasileiras ou séries de televisão. Há muitas peças teatrais até hoje conhecidas, que datam do período antigo. Édipo, de Sófocles e Prometeu Acorrentado, atribuída a Ésquilo são exemplos disso.

Prometeu Acorrentado, por exemplo, conta a história de Prometeu, que foi acorrentado por Zeus pois teria sido acusado de diversos crimes. Dentre seus crimes o roubo do fogo foi um dos mais graves. Já Édipo aborda a família de Édipo. Uma profecia alertava que ele estaria condenado a matar o próprio pai e a se casar com a própria mãe. A tragédia é tão impactante que serviu de base para o desenvolvimento da psicanálise moderna. Usando Édipo como exemplo ele estabeleceu o que seria o Complexo de Édipo.

Esculturas

As esculturas gregas são até hoje admiradas. Elas representavam o homem como centro do universo e buscavam, em sua forma, representar não só os seres humanos em si mas também o movimento do corpo humano. Muito do que estudamos e conhecemos da Grécia Antiga pode ser observado por meio de suas estátuas. Elas representam o homem e os deuses e, com o decorrer do tempo, ficam mais realistas e mais próximas da anatomia humana, expressando padrões de beleza e a idealização das formas humanas. Cabe aqui ressaltar que os gregos atribuíam aos deuses características próximas às humanas, ou seja, eles eram antropomórficos.

Vitória de Samotrácia (200-190 a.c.). Foto: muratart / Shutterstock.com

Os gregos tiveram influência de outras culturas, como a síria e a egípcia, que já produziam esculturas. Portanto, inicialmente, as esculturas gregas carregavam muitas características próximas dos sírios e egípcios, representando o corpo humano de forma simples e pouco próxima da anatomia real. Mas, com o passar do tempo, foram desenvolvendo diferentes técnicas e dominando outros materiais até chegarem em um modelo de representação do corpo humano mais próximo da anatomia, e trazendo o movimento do corpo para a escultura em pedra. Por isso, a arte grega e em especial as esculturas pode ser dividida em três períodos: o dedálico, o arcaico e o clássico.

O período dedálico foi de 650 a.C. até 600 a.C., e foi assim chamado em homenagem à Dédalo, um herói que teria sido o inventor da arte e da escultura. As obras deste período foram marcadas pela anatomia simplificada, a representação achatada e frontal do corpo humano e pelas formas dos olhos e narizes aumentados. Neste período as estátuas de mulheres eram cobertas por vestimentas enquanto as estátuas masculinas já apresentavam o nu.

O período arcaico durou aproximadamente cem anos, entre 600 a.C. e 500 a.C. Neste período houve um intenso processo de urbanização na Grécia, com grandes avanços comerciais, culturais e sociais. A arquitetura se desenvolveu por conta das novas demandas do processo de urbanização e ganhou novos contornos com o domínio do mármore. Neste período as representações do corpo humano ganham mais detalhes e a anatomia passa a ser representada de forma um pouco mais próxima ao corpo humano real idealizado. No final deste período as representações em escultura já demonstravam o movimento dos corpos.

O período clássico durou de 450 a.C. a 323 a.C. e a anatomia humana passou a ser representada com mais detalhes e mais semelhante. O nu feminino também começou a ser representado, algo até então exclusivo do corpo masculino.

As expressões artísticas gregas serviram de inspiração para o mundo ocidental, especialmente a partir do renascimento. Até hoje as formas de expressão gregas – seja na arquitetura, na escultura ou mesmo no teatro – fascinam e atraem pessoas interessadas em arte e serviram como base para o desenvolvimento artístico no restante do mundo ocidental. Os adornos em colunas, os templos, as peças teatrais e o próprio formato dos teatros bem como as representações do corpo humano nas esculturas até hoje fazem parte das bases da cultura ocidental e fizeram a Grécia ser conhecida como expoente artístico do mundo antigo.

Referências:

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2001.

GUARINELLO, Norberto Luiz. História Antiga. São Paulo: Contexto, 2013.

SILVA, Kalina Vanderlei. Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo: Contexto, 2010.

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