Causas da Guerra do Paraguai

A Guerra do Paraguai foi um conflito bélico ocorrido entre 1864 e 1870 e envolveu três nações: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Este evento é também conhecido como Guerra da Tríplice Aliança e marcou a história da América do Sul e as relações políticas, sociais, econômicas e culturais entres os países beligerantes. De um lado estavam Brasil, Argentina e Uruguai, e de outro estava o Paraguai.

A história das quatro jovens nações à época é significante para compreender as causas que levaram à deflagração da Guerra do Paraguai. O Brasil tornou-se independente em 1822 constituindo a partir dali uma monarquia constitucional. Já na América Espanhola o processo foi diferente: o vice-reinado do Rio da Prata foi estabelecido em 1776 e durou pouco tempo. Ele correspondia ao território atual da Argentina, da Bolívia, do Paraguai e do Uruguai, que no processo de independência transformaram-se em nações livres e republicanas, cada um com a sua trajetória.

O Paraguai conquistou sua independência em 1842 e a partir deste momento procurou integrar-se no continente, especialmente a partir de relações comerciais. Assim, houve um importante investimento no crescimento do país, especialmente por meio da navegação e aprimoramento das relações comerciais que ocorriam a partir dos rios Paraná e Paraguai. Neste contexto Solano López ia se consolidando como uma liderança política e em 1862 ele chegou ao poder.

O Brasil enfrentou um período conturbado nos anos de 1840: é o chamado período regencial, que foi marcado pelas regências trina e una e, também, pelo número expressivo de revoltas e insurreições populares por todo império. Com a ascensão de D. Pedro II ao trono a monarquia se estabilizou. Até 1864, quando se deu o início do confronto, o governo de D. Pedro II tinha popularidade; a Guerra do Paraguai marcou a crise final do império no Brasil. Neste tempo as relações com outros países eram conturbadas: o Brasil temia a Argentina, especialmente sua influência no território do Rio Grande do Sul. No início do século XIX, mais precisamente entre 1825 e 1828, as Províncias Unidas do Rio da Prata entraram em conflito com o Império Brasileiro – a chamada Guerra da Cisplatina. Foi a dissolução dela que gerou a independência do Uruguai. Ou seja, as nações que lutaram lado a lado na Guerra do Paraguai já haviam se enfrentado anteriormente. A união de países como Brasil, Argentina e Uruguai, posicionando-se juntos contrários ao Paraguai era uma articulação não muito óbvia e até mesmo inesperada devido a todo o histórico de conflitos que marcaram as questões platinas.

Foi a liderança de Bartolomé Mitre na Argentina que possibilitou o início da articulação da tríplice aliança: ele se aproximou dos colorados no Uruguai (enquanto Solano López aliou-se aos blancos) e dos liberais no Brasil, defendendo a livre negociação e comércio dos/nos rios que atravessaram a região. Foi justamente o comércio nos rios Paraná e Paraguai que marcaram a rivalidade entre Brasil e Paraguai. Um fator importante para o conflito foram as relações dos países com a Inglaterra. O Brasil rompeu as relações com os ingleses em 1863, marcando o que é chamado de Questão Christie – uma crise diplomática entre os Impérios envolvidos. O acordo entre as nações foi feito em 1865 e as relações diplomáticas foram reatadas. A Inglaterra exercia certa pressão para o fim do tráfico atlântico e intervinha no comércio de navegação, fiscalizando os mares. O Império brasileiro lutava pelo domínio do comércio e tinha uma política expansionista pela região. Foi aí que Solano López, incomodado com essa política de expansão brasileira, iniciou o conflito.

Em 11 de novembro de 1864 o Paraguai foi responsável pelo aprisionamento do navio Marquês de Olinda no Rio Paraguai, provocando o fim das relações diplomáticas entre os dois países. Somente no ano seguinte que o Paraguai declarou guerra também à Argentina e provocou, em primeiro de maio de 1865 a assinatura do tratado da Tríplice Aliança, que juntou como aliados Brasil, Argentina e Uruguai, sob o comando de Mitre contra as forças paraguaias.

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  • Consequências da Guerra do Paraguai

Referência:

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007.

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