Insurreição do Crato

A Insurreição do Crato foi um movimento ocorrido durante o período regencial do império brasileiro. Ele aconteceu como resposta à abdicação de D. Pedro I. O retorno do imperador à Europa, quando a nação ficou à espera da maioridade de D. Pedro II, provocou inúmeras rebeliões por todo o país. Foi um período de incertezas que gerou reações diversas. Uma delas ocorreu no Crato, interior do Ceará, entre os anos de 1831 e 1832.

O líder do movimento foi Joaquim Pinto Madeira, e as tropas que o seguiam lutavam, dentre outras pautas, pela restauração de Pedro I. Em seu movimento anularam a abdicação do imperador e deram início a um governo provisório para todo o Cariri. No entanto, o movimento acabou derrotado pelas tropas de Pedro Labatut, tendo seu líder preso, julgado e fuzilado. Para compreender o que levou à revolta e mesmo a formação da liderança de Pinto Madeira é preciso voltar um pouco no tempo.

Em 1817 Pinto Madeira foi nomeado para comandar o grupo que levou os presos da região do Crato para Fortaleza durante a revolução que lutava pela república, inspirada nos ideais que se espalhavam pela América à época. Algum temo depois, em 1824, o mesmo Joaquim Pinto Madeira foi promovido a Comandante Geral das Armas do Crato. Mas, depois, sua vida foi marcada por perseguições de ordem política: teve o decreto que o promoveu a comandante cassado, foi preso em duas ocasiões e foi declarado inimigo da constituição. Foi o cônego Antônio Manuel de Souza que insistiu que resistisse às perseguições e agisse. Assim, buscou a Câmara para denunciar as perseguições que ocorriam na região.

Em dezembro de 1831 a câmara se reuniu e decidiu por armar a população em defesa do povo da Vila do Jardim e nesse contexto Francisco Xavier de Souza fora nomeado comandante da força a fim de defender a vila do ataque dos cratenses republicanos que se organizavam para o combate. Mas, o comandante passou para o lado dos cratenses e quem assumiu o comando em seu lugar fora Joaquim Pinto Madeira, tornando-se liderança. Dias depois a câmara se reúne novamente com vistas a seduzir mais cidadãos à luta: ofereciam 240 réis por dia para quem se apresentasse armado, e a metade do valor para aqueles que se apresentassem sem armas.

Joaquim Pinto Madeira sabia que os cratenses revoltosos estavam se organizando para invadir a Vila do Jardim, e no final do mês de dezembro, em contra-ataque, partiu em direção ao Crato, com tropas chefiadas por Francisco Xavier de Matos. O combate entre as tropas ocorreu em 27 de dezembro de 1831. As tropas se encontraram no meio do caminho e o Crato, chefiado por Luiz Rodrigues Chaves, foi derrotado neste conflito. Pinto Madeira chegou à Vila do Crato no dia seguinte, com uma tropa grande e forte, gerando medo e insegurança entre os cratenses, que fugiram depois da derrota.

O grupo sob a liderança de Pinto Madeira seguiram rumo a Fortaleza, com o objetivo de depor o presidente da província José Mariano de Albuquerque Cavalcante, que se tornou o principal opositor a Joaquim Pinto Madeira. José Mariano ordenou que o major Francisco Xavier Torres partisse em direção ao Cariri para combater os rebeldes que lá se encontravam e em 6 de fevereiro de 1832 se deu o conflito entre as duas tropas, que resultou na derrota dos rebeldes. No entanto Pinto Madeira não desistiu de sua missão e procurou juntar mais voluntários. O major, notando a capacidade de organização de Pinto Madeira se retirou e preparou o ataque.

Contando com o despreparo e o cansaço das tropas de Pinto Madeira, Torres surpreendeu as tropas do inimigo e uma série de derrotas acabaram na rendição dos líderes – Joaquim Pinto Madeira e Pe. Antônio Manuel de Souza – em 12 de outubro de 1832, e também de mais de mil e quinhentos revoltosos. Joaquim Pinto Madeira foi julgado e condenado à morte, tendo sido fuzilado em 28 de novembro de 1834.

Referência:

BRITO, Sócrates Quintino da Fonsêca e. A Rebelião de Pinto Madeira: fatores políticos e sociais. Dissertação de Mestrado. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, 1979.

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