O cicloativismo consiste em um conjunto de ideais que defende os direitos dos ciclistas no uso das vias públicas, visando melhores condições para pedalar e a popularização da bicicleta como veículo. O movimento cicloativista busca a inclusão da bicicleta com segurança e conforto no sistema de mobilidade urbana. Também podemos definir o cicloativismo como uma atividade de militância política, de caráter reivindicatório ou contestatório, que luta em defesa dos direitos dos ciclistas.
Existe uma ampla gama de agentes como ativistas e integrantes dos movimentos sociais sobre o uso da bicicleta, como grupos e associações, agentes e técnicos de diferentes órgãos de governo, empresários, jornalistas, produtores e comerciantes de bicicletas e acessórios, sociedade civil e ONGs nacionais e internacionais.
É possível classificar o cicloativismo em dois tipos: o formal e o não formal. O cicloativismo formal possui algum tipo de vínculo e apoio do governo local, de empresários ou associados. Consiste geralmente em promover o lado saudável da bicicleta. Nesse cicloativismo estão incluídos os grupos de ciclismo esportivo e de lazer, associações e ONGs. Atualmente existem muitas instituições e grupos que representam formalmente o ciclista urbano em várias cidades brasileiras. O informal é aquele que não possui vínculos com o governo e patrocínios empresariais, pode ser realizado por pessoas que utilizam a internet para divulgar a cultura da bicicleta e por grupos informais que se encontram regularmente.
De maneira geral, os cicloativistas possuem intenso diálogo com o poder público. Entre suas principais reivindicações estão: instalação de ciclovias e ciclofaixas, diminuição da velocidade dos carros nas vias internas dos bairros, um trânsito mais humanizado no qual o automóvel não seja prioridade, realização de campanhas de trânsito educativas, construção de bicicletários e transporte público de qualidade.
Um importante movimento cicloativista conhecido mundialmente é o Massa Crítica (Critical Mass), que teve início na cidade de São Francisco (EUA) em 1992, quando um grupo de ciclistas começou a se reunir em horários, dias e locais determinados para pedalar e lutar por melhores condições, formando uma verdadeira massa de bicicletas. Esse movimento cresceu e se espalhou por diversos lugares do mundo, como Reino Unido, Portugal, França, Alemanha, dentre outros.
No Brasil, o Massa Crítica deu origem ao movimento conhecido como Bicicletada. O objetivo das Bicicletadas é reunir o maior número possível de ciclistas para lutar por mais espaço no trânsito, combater a cultura do carro e promover a bicicleta como uma alternativa ideal para o transporte nas vias urbanas. Esse movimento teve início em 1997 na cidade de Blumenau (SC) e em 1998 em São Paulo (SP). A partir de 2002 as Bicicletadas passaram a acontecer regularmente todo final de mês em várias cidades brasileiras, como Curitiba, Vitória, Rio de Janeiro, Florianópolis, Fortaleza, Recife e muitas outras.
Em algumas cidades as Bicicletadas são consideradas um tipo de ativismo não oficial, pois não contam com o apoio dos órgãos de trânsito ou das prefeituras. As Bicicletadas consideradas oficiais são apoiadas pelos órgãos públicos da cidade e podem ocorrer através de passeios ciclísticos organizados pelas prefeituras e por lojistas do ramo. Esses passeios geralmente são acompanhados por agentes de trânsito e ocorrem nos horários de pico para aproveitar a presença dos automóveis e conscientizar os motoristas. Durante esses trajetos os ciclistas distribuem panfletos educativos aos motoristas.
O Ghost Bike também é uma manifestação dos cicloativistas realizada em todo o mundo. Consiste na instalação de bicicletas brancas em locais onde ocorreram acidentes fatais com ciclistas. O objetivo é fazer com que aquela morte não seja esquecida e que os condutores de automóveis tenham mais cuidado com as pessoas que pedalam pelas ruas.
O cicloativismo tem contribuído para inserir a bicicleta no âmbito das políticas públicas. Nos últimos anos são nítidas muitas mudanças de comportamento e reflexão sobre o uso das bicicletas. Mas infelizmente a bicicleta muitas vezes ainda é vista apenas como um meio de esporte e lazer ou como um meio de transporte para quem não pode comprar um automóvel.
Referências Bibliográficas:
Instituto Jones dos Santos Neves Juventude, mobilidade e cicloativismo no Espírito Santo. Vitória, ES, 2015. 76p. (Cadernos da juventude, 02).
Xavier, G. N. A. O cicloativismo no Brasil e a produção da lei de política nacional de mobilidade urbana. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC, v.3 n.2, 2007.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/sociedade/cicloativismo/
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