O bioma Mata Atlântica é uma das maiores florestas tropicais do planeta e é um dos mais importantes hotspots do mundo (áreas com elevada biodiversidade e prioritárias para a conservação). Mesmo sendo uma floresta bastante fragmentada e destruída, ainda é uma das mais ricas em biodiversidade. A fauna da Mata Atlântica é caracterizada pela enorme quantidade de espécies endêmicas, ou seja, que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar do planeta.
A Mata Atlântica abriga cerca de 250 espécies de mamíferos, sendo que 55 espécies são consideradas endêmicas e 38 estão ameaçadas de extinção. Esse grupo é representado por animais de médio e grande porte como onças, veados, antas, tamanduás, macacos, preguiças e cotias, e animais de pequeno porte como marsupiais, roedores e morcegos. Entre as espécies ameaçadas de extinção estão as quatro espécies de mico-leões (Leontopithecus spp.), que são endêmicas desse bioma. O mico-leão-dourado é considerado uma “espécie bandeira” (espécies que geram uma maior empatia por parte pessoas e são utilizadas em campanhas de conscientização a proteção e conservação de um bioma).
A preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) também é endêmica da Mata Atlântica e está ameaçada de extinção. Também estão presentes nesse bioma importantes predadores como a onça-pintada (Panthera onca) e a onça-parda (Puma Concolor), que são os maiores felinos do Brasil, e herbívoros de grande porte como os veados Mazama nana (veado-bororó) e Mazama americana (veado-mateiro).
A avifauna é representada por uma elevada riqueza que inclui cerca de 900 espécies, praticamente metade do total de espécies do Brasil, sendo que mais de 200 espécies são endêmicas. Corujas, gaviões, pica-paus, papagaios, beija-flores e araras fazem parte desse grupo. É nesse bioma que se encontra o maior número de aves ameaçadas de extinção. Entre os papagaios endêmicos, merece destaque o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), espécie que está “Quase ameaçada”, e o papagaio-charão (Amazona pretrei), que está classificado como “Vulnerável”.
Nesse bioma encontra-se uma elevada riqueza de aves de rapina (aves carnívoras, como os gaviões, águias e falcões), como o gavião-caranguejeiro (Buteogallus aequinoctialis), o gavião-de-pescoço-branco (Leptodon forbesi), a harpia (Harpia harpyja) e a águia-cinzenta (Urubitinga coronata). Merece destaque o falcão-críptico (Micrastur mintoni), que é raro e registrado em poucas localidades do bioma.
Ramphocelus bresilius (tiê-sangue) é uma das aves mais exuberantes do mundo. É endêmica e símbolo da Mata Atlântica, onde possui ampla distribuição. O macuco (Tinamus solitarius) também é endêmico e se destaca por ser uma ave grande que foi historicamente perseguida por causa de sua carne, sendo considerada extinta em algumas localidades do bioma.
Existem cerca de 300 espécies de répteis na Mata Atlântica. Os quelônios são representados por 13 espécies nativas, além de duas espécies introduzidas. O cágado-da-serra (Hydromedusa maximiliani) e o cágado-de-hogei (Mesoclemmys hogei) são endêmicos do bioma e estão ameaçados de extinção. Quanto aos jacarés, duas espécies são encontradas originalmente no bioma, o jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) e o jacaré-coroa (Paleosuchus palpebrosus).
Várias espécies de serpentes ocorrem na Mata Atlântica, como as jararacas, cascavéis, surucucus, corais, caninanas e jiboias. A jiboia (Boa constrictor) e a sucuri (Eunectes murinus) são capazes de engolir mamíferos de médio e grande porte. Bothrops muriciensis (jararaca-da-seca) e Bothrops pirajai (jararaca-tapete) são endêmicas e encontram-se ameaçadas.
Uma elevada riqueza de lagartos ocorre na Mata Atlântica, desde o lagartinho-de-folhiço (Coleodactylus natalensis), um dos menores lagartos da América do Sul, até o teiú (gênero Tupinambis), o maior lagarto do Brasil. Além disso, também estão presentes muitas espécies de Amphisbaenia, chamadas popularmente de cobras-de-duas-cabeças.
Dentre os biomas do Brasil, a Mata Atlântica concentra a maior riqueza de anfíbios, com mais de 500 espécies. A maior parte das espécies pertence ao grupo dos anuros (sapos, rãs e pererecas), como os sapos-cururus (gênero Rhinella) e as pererecas filomedusas. O sapinho-narigudo-de-barriga-vermelha e o sapinho-de-barriga-vermelha (gênero Melanophryniscus) estão ameaçados de extinção.
Estima-se que existem mais de 300 espécies de peixes de água doce no bioma, incluindo bagres, tucunarés, piabas, piaus, piranhas e muitos outros. Destaca-se o surubim-do-paraíba (Steindachneridion parahybae), um bagre de grande porte ameaçado de extinção.
Referências Bibliográficas:
Câmara, I. G, State of the Hotsports - Mata Atlântica: Biodiversidade, Ameaças e Perspectivas - Breve história da Conservação da Mata Atlântica. Parte II, Cap. VI. P. 31. Belo Horizonte, 2005.
Paglia, A. P. & Pinto, L. P. Biodiversidade da Mata Atlântica. In: E. Marone, D. Riet, & T. Melo (Orgs.). Brasil Atlântico – um país com a raiz na mata. Rio de Janeiro: Instituto BioAtlântica, pp. 102-129, 2010.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/fauna-da-mata-atlantica/
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