O bioma Pampa se estende pelo Brasil, pela Argentina e pelo Uruguai. É o único bioma brasileiro restrito a apenas um estado: o Rio Grande do Sul, estendendo-se por aproximadamente 63% de seu território. As paisagens naturais do Pampa se caracterizam pelo predomínio dos campos nativos, mas também pela presença de matas ciliares, matas de encosta, formações arbustivas, butiazais, banhados, afloramentos rochosos, etc. Também conhecido pelo nome de Campos Sulinos, o bioma abriga uma fauna com uma ampla diversidade de espécies.
A avifauna do bioma inclui mais de 500 espécies de aves. As espécies mais populares e representativas da fauna gaúcha são as aves essencialmente campestres, como a ema (Rhea americana), a perdiz (Nothura maculosa), o quero-quero (Vanellus chilensis), a caturrita (Myiopsitta monachus), o joão-de-barro (Furnarius rufus), o zorrilho (Conepatus chinga) e o graxaim-do-campo ou “sorro” (Lycalopex gymnocercus).
Entre as aves, cerca de 120 são primariamente adaptadas a habitats campestres, como o pedreiro (Ciclodes pabsti), que ocorre em áreas de campos rupestres, o macuquinho-da-várzea (Scytalopus iraiensis), ocorrente em capinzais úmidos de várzeas e o caboclinho-de-barriga-preta (Sporophila melanogaster), restrito ao bioma somente no período reprodutivo. Entre as aves migratórias neárticas que utilizam os Campos Sulinos como área de invernagem, destacam-se três: batuiruçu (Pluvialis Dominica), maçarico-acanelado (Tryngites subruficollis) e andorinha-de-bando (Hirundo rustica).
Cerca de 23 espécies ameaçadas de extinção dependem desse bioma, como o papa-moscas-do-campo (Culicivora caudacuta), a patativa-do-sul (Sporophila plumbea), o caboclinho-de-barriga-vermelha (Sporophila hypoxantha), o papagaio-charão (Amazona pretrei) e o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea).
Quanto aos mamíferos, o bioma abriga mais de 100 espécies. Poucas espécies são exclusivamente adaptadas aos campos abertos, por isso a maioria tende a ocupar principalmente as matas de galeria, os matagais arbustivos úmidos e os capinzais altos em margens de banhados, onde encontram locais adequados para o abrigo e para a obtenção de recursos, como a água. Entre os mamíferos típicos de áreas abertas temos o graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus), o gato-palheiro (Leopardus colocolo), o gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi) e o veado-campeiro (Ozotocerus bezoarticus).
O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) necessita de habitats arbóreos para se proteger do frio ou do calor em excesso. Outros mamíferos que dependem das matas ciliares são o mão-pelada (Procyon cancrivorus), o ratão-do-banhado (Myocastor coypus), a lontra (Lontra longicaudis), o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) e a capivara (Hydrochoeris hydrochaeris). Muitos roedores também vivem no bioma, como os tuco-tucos (Ctenomys lami, C. flammarioni e C. minutus), que são endêmicos da região, os preás (Cavia sp.) e outros dos gêneros Oryzomys, Akodon e Scateromys.
Em relação aos répteis, o bioma abriga 97 espécies, que são predominantemente heliófilas e campestres. As serpentes são as principais representantes desse grupo, entre as quais se destacam algumas espécies que podem causar sérios danos a saúde humana por causa do potencial tóxico de sua peçonha, como a cruzeira (Rhinocerophis alternatus), a jararaca-pintada (Bothropoides neuwiedii), a cobra-verde (Philodryas olfersii) e a coral (Micrurus altirostris). Entre os lagartos temos a iguaninha-azul (Stenocercus azureus), o lagartinho-pintado (Cnemidophorus vacariensis) e a lagartixa-das-dunas (Liolaemus arambarensis), que é endêmica do Rio Grande do Sul e encontra-se ameaçada de extinção. Entre as espécies de quelônios estão o cágado-de-espinhos (Acanthochelys spixii) e a tartaruga-verde-e-amarela (Trachemys dorbigni).
Pelo menos 50 espécies de anfíbios ocorrem no Pampa. Os sapinhos do gênero Melanophryniscus são muito característicos dessa região e geralmente estão associados a ambientes de campo com alagados temporários, como o sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus atroluteus) e o sapinho-da-barriga-colorida (Melanophryniscus montevidensis). Temos também a perereca-das-folhagens (Phyllomedusa iheringii), a pererequinha-do-brejo (Dendropsophus nahdereri) e a rã-piadora (Leptodactylus latinasus).
O bioma Pampa abriga cerca de 50 espécies de peixes. A maioria das espécies pertence à família Rivulidae, que inclui peixes anuais que possuem distribuição restrita aos campos úmidos inundados, onde ocorrem no inverno e deixam os ovos no verão. Os ovos permanecem enterrados embaixo da terra até a próxima chuva. Ocorrem principalmente peixes anuais do gênero Austrolebias, como Austrolebias juanlangi, espécie que está ameaçada de extinção.
Referências Bibliográficas:
Pillar, V.D.; Müller, S.C.; Castilhos, Z.M.d.S.; Jacques, A.V.A.: Campos sulinos. Conservação e uso sustentável da biodiversidade. Brasília: MMA, 2009.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/ecologia/fauna-dos-pampas/
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