A biologia da conservação busca desenvolver alternativas frente às ameaças que a biodiversidade enfrente atualmente, como o desmatamento e perda de habitat, a caça e tráfico de animais silvestres e o atropelamento de fauna por exemplo. A diversidade biológica pode apresentar três significados diferentes, incluindo diversidade genética (variação de genes presentes nas espécies pertencentes a uma determinada população); diversidade de espécies (quantidade de diferentes espécies que ocorrem em um ecossistema) e também a diversidade de comunidades e ecossistemas (variedade de tipos de habitat, bem como seus diferentes processos e serviços ecossistêmicos). Assim, a biologia da conservação busca a manutenção de toda a diversidade conhecida através de algumas estratégias e estudos com base nos problemas enfrentados atualmente.
Perda de habitat
Muitos problemas ameaçam a biodiversidade atualmente, mas a maior ameaça tem sido apontada por pesquisadores como a perda de habitat, ocasionada principalmente pela destruição e fragmentação da vegetação. As consequências da perda de habitat podem ser resumidas em diminuição do tamanho das populações, menor área de ocorrência potencial e consequentemente menor disponibilidade de recursos, água, abrigo e territórios, além de diminuição da diversidade genética relacionada à menor quantidade de indivíduos em áreas pequenas. Esses fatores se relacionam também com o isolamento das populações, contribuindo para aumento de doenças e endogamia. Visto as consequências da redução e fragmentação do habitat para as espécies, algumas propostas como os corredores ecológicos foram levantadas visando mitigar esses efeitos.
Corredores ecológicos
Os corredores ecológicos têm como objetivo mitigar os efeitos decorrentes da fragmentação do habitat, promovendo uma ligação entre áreas desconectadas e permitindo a passagem de fauna, fluxo gênico, dispersão de sementes, manutenção de maiores populações e aumento da cobertura vegetal por exemplo. São regulamentados pela Lei 9985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, e seu Decreto 4340/2002, e garantem a integridade dos processos ecológicos em áreas de conectividade entre Unidades de Conservação (UCs). No Brasil, apenas seis corredores ecológicos são reconhecidos, três através do Ministério do Meio Ambiente (MMA), e três através de decretos e portarias estaduais.
O Ministério do Meio Ambiente reconhece os seguintes corredores ecológicos: o Corredor Capivara-Confusões une os Parques Nacionais da Serra da Capivara e da Serra das Confusões, localizados no Piauí, e é composto de 412 mil hectares em área de Caatinga. Já o Corredor Ecológico da Caatinga interliga oito diferentes Unidades de Conservação localizadas nos Estados de Pernambuco, Bahia, Alagoas, Piauí e Sergipe. Por fim o Corredor Ecológico Santa Maria é o mais antigo dos corredores, localizado em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) no Oeste do Paraná e interligando o Parque Nacional do Iguaçu.
Tanto os corredores reconhecidos pelo MMA como aqueles estipulados por decretos estaduais, cumprem sua função: conectar fragmentos de mata proporcionando aumento da cobertura vegetal, e estimulando o fluxo animal e a dispersão de sementes, além de contribuir com o fluxo gênico de espécies animais e vegetais. São considerados uma estratégia compensatória, que busca amenizar os impactos antrópicos na manutenção da biodiversidade. Assim, apesar de serem abordagens funcionais apenas contornam o problema ocasionado pelo desmatamento e fragmentação do habitat, mitigando os efeitos da exploração não sustentável dos recursos naturais.
Referências Bibliográficas
[1] Begon, M.; Townsend, C. R. & Harper, J. L. Ecology: from individuals to ecosystems. 4 ed. Reino Unido: Editora Blackwell Publishing Ltd, 759p., 2006.
[2] Primack, R. B. & Rodrigues, E. Biologia da Conservação. Londrina: Editora Planta. 328p., 2001.
[3] Corredores ecológicos. Disponível em: http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/instrumentos-de-gestao/corredores-ecologicos
[4] Projeto Corredor Ecológico da Região do Jalapão. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/projetojalapao/pt/