Atenas e Esparta foram duas cidades-estado com grandes poderes na Grécia Antiga. Porém, para se desenvolverem foram organizadas de maneiras bem diferentes, muitas vezes até antagônicas.
Atenas fica localizada na antiga região da Ática, próxima ao Mar Mediterrâneo, e que pôde se desenvolver graças à atividade comercial e portuária, especialmente a partir do Porto de Pireu. Foi essa relação direta com o mar que fez Atenas despontar no comércio marítimo e a se destacar política e economicamente na região. Esparta, por sua vez, esteve localizada na região da Lacônia e sem contato direto com o Mar Mediterrâneo. Por isso seu desenvolvimento foi bastante diferente de Atenas: o comércio não foi atividade principal. As suas terras eram férteis e propícias ao cultivo de cereais e à pastagem e à criação de animais.
Esparta se desenvolveu com base em um formato de educação rígida e com bases militares. A sociedade era oligárquica, ou seja, havia a concentração de terras nas mãos de poucos, que eram os que tinham também acesso às decisões políticas. A sociedade espartana era formada pelos hilotas em sua base, os servos que exerciam o trabalho, especialmente no plantio e colheita, e pelos espartanos, que concentravam terras e participavam da vida pública.
Já em Atenas, embora também houvesse concentração de terras, a democracia fez emergir a possibilidade de participação política entre os cidadãos comuns, ou seja, artesãos e camponeses. Isso fez com que Atenas não só se tornasse uma hegemonia mas também que se diferenciasse das outras cidades-estado, inclusive Esparta. Para isso foi preciso recorrer à estratégias políticas, como o ostracismo, que afastava por dez anos aqueles que representavam alguma ameaça para Atenas. Assim, conseguiu evitar conflitos internos.
Atenas viveu um momento de domínio político, mas também cultural. Houve um florescer das artes, da ciência, do pensamento filosófico e da própria construção urbana. Esparta, por outro lado, apostava em uma educação militar e rígida, educando homens desde os sete anos de idade nesta lógica.
Embora as duas cidades-estado tenham exercido poderes regionais, elas enfrentaram diversos conflitos. Estiveram lado a lado na Liga de Delos para combater a ameaça persa. A configuração se alterou quando Atenas manteve para si a concentração de poder e usou os recursos dos impostos de Delos para reconstrução de sua cidade e para promoção e investimento nas artes, e nas construções públicas. Em reação à hegemonia ateniense Esparta criou a Liga do Peloponeso. As duas cidades, por meio das suas respectivas ligas, entraram em conflito em 431 a.C.
O conflito entre Esparta em Atenas é um dos mais conhecidos na História Ocidental. A Guerra do Peloponeso foi narrada por Tucídedes, conhecido por ser um dos primeiros historiadores do mundo. Seu livro História da Guerra do Peloponeso narra a batalha travada entre Atenas e Esparta, que teve os espartanos como vitoriosos.
Por fim cabe ressaltar: como estamos falando da antiguidade, não cabe transpor nossos valores atuais para as sociedades do mundo antigo. Isso porque, embora nos reconheçamos mais ou menos com uma ou outra cidade-estado, suas regras, formas de organização e conceitos são próprios de seu tempo e não podemos vê-las de forma hierárquica nem atribuir juízo de valor. Cada uma desenvolveu-se de uma forma e dominou a Grécia antiga com seu poder.
Referência:
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002.
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