A economia da China mudou drasticamente desde o final dos anos 70 do século passado quando as reformas planejadas por Deng Xiao Ping foram postas em prática. Trata-se do já bastante discutido programa "um país, dois sistemas", onde a ideologia comunista foi relativizada em alguns setores como por exemplo o da indústria, comércio e trocas internacionais. O país sempre sofreu com uma legião de famílias de baixa renda vivendo nas mais simples e modestas condições, e isso permitiu à indústria nascente o pagamento de salários muito mais baixos do que a maioria dos valores praticados em países industrializados. A constante carência de oferta de emprego também fez com que os sindicatos sempre tivessem pouquíssima força e fossem controlados totalmente pelos dirigentes comunistas. Tais fatores atraíram investidores e fizeram a indústria expandir-se em um período muito curto.
Basicamente uma nação rural por muitos séculos, agora o país começa a industrializar-se de modo drástico, mais que o desejado. Até a década de 50, devido a práticas arcaicas de plantio, surgiam notícias de grandes crises humanitárias envolvendo a população chinesa, que morria de fome, como nas mais graves crises humanitárias. Hoje, com o progresso industrial no seu auge, o campo está sendo abandonado, e somente os mais idosos, que experimentaram uma vida inteira na agricultura permanecem seguindo um tradicional estilo de vida. Já os mais jovens abandonam o meio rural sem pensar duas vezes, atraídos pelas possibilidades que os centros urbanos oferecem.
O governo central, percebendo um iminente desequilíbrio, já há bom tempo procura controlar e inibir o êxodo rural, o que faz com que muitos chineses tornem-se clandestinos dentro de seu próprio país, quando a qualquer custo procuram emigrar para as cidades, ignorando as prerrogativas do governo. Para muitos, essa própria política é uma das causas da desigualdade entre campo e cidade.
Além da óbvia atração e fascínio que as cidades exercem nos chineses mais jovens, há ainda o problema da completa falta de atualização da prática agrícola no campo. A China rural é ainda um meio bastante tradicional, pouco aberto às inovações tecnológicas, o que faz com que sua produção seja menor e seus preços não sejam tão competitivos quanto os bens importados. Assim, é mais vantajoso importar o que se consome do que comprar aquilo que é produzido localmente.
Num futuro muito próximo, isso resulta em um desastre completo pois nem mesmo as nações altamente industrializadas como por exemplo os EUA ou o Japão abandonaram por completo o setor rural em privilégio do meio indústrial da maneira como a China o faz atualmente. Este é certamente um grave erro de planejamento político e econômico de um país que se pretende atingir um desenvolvimento pleno e eliminar as desigualdades internas, tornando-se assim uma potência de fato.
Bibliografia: CLAVIS PROPHETARUM. O Problema do Êxodo Rural na China: O princípio do fim da ascensão da China? Disponível em
China sofrerá êxodo rural de 300 milhões de camponeses. Disponível em
China vai diminuir restrições ao êxodo rural. Disponível em
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