Francisco Félix de Sousa, apelidado de Chachá (Salvador, Brasil, 4 de outubro de 1771(?) — Ouidah, Benim, 8 de maio de 1849). Filho de um português traficante de escravos e de mãe escrava, é alforriado aos 17 anos, decidindo ir para a África quando tinha por volta de 23 anos. não se sabe se por qual motivo, acreditando-se que tenha sido uma viagem de negócios em nome de sua família, retornando depois de 3 anos ao Brasil. Em 1800 decide se estabelecer definitivamente em Ouidah (Ajudá), no Golfo de Benin, ao que parece como comerciante privado. Posteriormente, com a falência de seus negócios em solo africano, passa a prestar serviços à guarnição do forte de São João Batista de Ajudá, pertencente aos portugueses, no reino do Daomé (atualmente território da República do Benin). Com a falta de nomeação de administradores para o forte, Francisco passa a governador interino do entreposto, posição que abandona logo depois para se dedicar ao comércio de escravos cativos de guerra, exportados ao Brasil e Cuba, atividade já tornada ilegal até mesmo em Portugal, para os seus territórios a norte do Equador.
A clientela de Chachá era formada principalmente por comerciantes brasileiros e europeus. Sua atividade de intermediação entre estes e a população local era facilitada por sua capacidade excepcional em aprender idiomas. O comércio de escravos não se dava tanto pela troca por dinheiro; grande parte das transações ocorriam em trocas por mercadorias. Chachá desenvolveu, assim, conjuntamente com o comércio de escravos africanos um sistema de créditos, firmado em sua palavra.
Desentendimentos originários dos negócios, porém, fizeram com que fosse aprisionado pelo rei de Daomé, Adandozan Francisco, durante uma visita à capital do reino, Abomei. Consegue fugir do cativeiro para Anehó (conhecida pelos portugueses e brasileiros como Popó Pequeno), cidade hoje localizada no Togo. Dali apoiaria o golpe de 1818 que depôs o rei Adandozan, subindo ao trono seu irmão, Guezo.
Convidado por Guezo a voltar a Ouidah, torna-se um chefe daomeano, recebendo ainda o monopólio sobre o comércio de escravos local. Residia principalmente em Singbomey, futuro local do Bairro Brasil, com suas várias mulheres e mais de sessenta filhos (talvez mais de cem). Sua maior preocupação passou a ser a repressão britânica ao tráfico, desde 1816. Falece a 8 de maio de 1849, aos 94 anos, deixando aos herdeiros um fabuloso império de 120 milhões de dólares, em dinheiro de hoje.
Hoje em dia, os "brasileiros de Ouidah", descendentes de Souza, celebram suas ligações com o Brasil, havendo ainda muitos traços que fazem questão de manter, na atual República do Benim.
Bibliografia: LAW, Robin. A carreira de Francisco Félix de Sousa na África Ocidental (1800 - 1849) . Disponível em
Chachá de Ajudá (1754? - 1849). Disponível em
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