Prudente José de Morais Barros foi um republicano histórico, participou da primeira campanha pela instauração da república no país, em 3 de dezembro de 1870 na cidade do Rio de Janeiro, assinando o Manifesto Republicano. Como desdobramento desse manifesto foi criado o Partido Republicano em 17 de janeiro de 1872 na cidade de São Paulo, no qual Prudente de Morais atuou assiduamente nas atividades de propaganda. Prudente de Morais foi defensor da abolição da escravidão, da liberdade de consciência e culto religiosos, do casamento civil e da descentralização da administração pública com a proposta de adoção do federalismo.
Antes de tornar-se presidente da República, Prudente de Morais já havia assumido diversos cargos políticos. Durante o Império foi eleito vereador (1865-1868) e deputado provincial (1867) pelo Partido Liberal, e deputado provincial cinco vezes pelo Partido Republicano (1878, 1881, 1883, 1885, 1887). No período republicano foi eleito presidente da Assembleia Constituinte de 1890 quando iniciou a propalação dos ideais de “civilismo” em detrimento do militarismo adotado na República naquela época.
Em 15 de novembro de 1894 assumiu a presidência da República sucedendo ao marechal Floriano Peixoto. Prudente de Morais foi o primeiro presidente civil e terceiro presidente da República. Não havia concorrência à candidatura de Prudente de Morais que foi eleito por meio do voto direto. O marechal Floriano Peixoto pretendia estender o mandato, no entanto não se candidatou ao pleito em 1894. Assim, Prudente de Morais assumiu a presidência de forma silenciosa e com os desafios de pacificação da Revolução Federalista e do controle da oposição “jacobina” (partidária do marechal Floriano Peixoto). A Revolução Federalista foi apartada com a assinatura de um acordo de paz e anistiados os revoltosos entre os meses de julho e setembro de 1895. Porém, o jacobinismo florianista obstou a ação de Prudente de Morais durante todo o período do mandato.
Em 1896 houve a insurgência do arraial de Canudos, no interior da Bahia, liderada pelo beato Antonio Conselheiro. Os habitantes de Canudos eram acusados de serem restauradores monarquistas devido às pregações de Antonio Conselheiro contra medidas republicanas que prescindiam a religiosidade, como resultado da separação entre Igreja e Estado. Além das questões de cunho religioso, o povoado de Canudos insurgia-se, sobretudo, contra as precárias condições de vida no sertão do Nordeste, assolado pelos desmandos de “coronéis”, e o aumento de impostos. Para liquidar as sublevações em Canudos foram enviadas tropas militares locais e federais. O povoado resistiu bravamente, mas foi aniquilado em março de 1897.
No mesmo período do início da Guerra de Canudos, novembro de 1896, o presidente Prudente de Morais afastou-se do cargo por questões de saúde. Assumiu a presidência no lugar dele o vice-presidente Manoel Vitorino. O retorno do presidente afastado não era cogitado, e Manoel Vitorino conspirava contra Prudente de Morais. Sabedor dessa conspiração, Prudente de Morais reassumiu o posto de presidente em 4 de março de 1897. No dia seguinte, Prudente de Morais recepcionava o marechal Bittencourt que retornava da Guerra de Canudos na Bahia, quando sofreu um atentado. Marcelino Bispo, um militar florianista, pretendia disparar uma arma de fogo na direção de Prudente de Morais. Marechal Bittencourt desvencilhou Prudente do atentado, porém foi atingido por um golpe de espada e faleceu.
Economicamente o governo de Prudente de Morais procurou deslindar-se das dívidas adquiridas com a política do Encilhamento, por meio da captação de recursos estrangeiros. Adotou, então, a política econômica do funding loan que consistiu na consolidação da dívida que seria quitada no prazo de sessenta e três anos a juros de 5%. Essa prática econômica foi largamente executada no governo presidencial do sucessor Campos Sales. Em 15 de novembro de 1898 terminou o mandato presidencial de Prudente de Morais.
Referências:
CALMON, Pedro. História social do Brasil, volume 3: a época republicana. São Paulo: Martins Fontes: 2002. p. 45-65.
FAUSTO, Boris (org.). “As relações internacionais do Brasil durante a Primeira República”. In: O Brasil Republicano: v. 9; Sociedade e Instituições (1889-1930). 8ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
LANG, Alice Beatriz da Silva Gordo. Prudente de Morais (Verbete). Rio de Janeiro: CPDOC/FGV.
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