Guerra dos Farrapos

A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha ocorreu no sul do Brasil, mais especificamente no Rio Grande do Sul entre os anos de 1835-1845. A região que corresponde ao estado teve sua incorporação tardia nos domínios portugueses durante a colônia. Para a coroa portuguesa a região significava acesso ao contrabando dos recursos minerais retirados de Potosí, que desciam pelo rio da Prata. Por esses motivos a região de fronteira tornou-se um lugar de disputa entre lusitanos e castelhanos, tornando sua população militarizada e sem vínculos com a agropecuária de exportação. Durante o século XVII o Rio Grande do Sul foi disputado por Jesuítas e Bandeirantes que tinham interesses na mão-de-obra indígena. Devido os ataques dos portugueses aos jesuítas, estes se retiraram com os indígenas para outra margem do rio Uruguai e montaram na região uma enorme reserva de gado. No final do século XVII os portugueses começaram a se interessar demasiadamente naquela região devido a quantidade exorbitante de gado.

No século XIX, a configuração do Rio Grande do Sul ganha importância ao cenário nacional, pois sua economia estava voltada para o fornecimento de carne que aquecia o mercado interno e militarizada devido aos confrontos com os espanhóis nas áreas fronteiriças. Os proprietários de terra passam a servirem a coroa como protetores da fronteira contra os espanhóis, gerando um conflito pelo poder com os militares que estavam na região. Em 1834, mesmo com o Ato Adicional que tentava dar mais poderes às províncias, houve uma insatisfação das elites oligárquicas gaúchas. Em 20 de setembro de 1835 se inicia a Guerra dos Farrapos, com o domínio da Capital Porto Alegre pelos estancieiros insatisfeitos comandados por Bento Gonçalves, começa assim a mais longa das revoltas do período Regencial. Dentro das primeiras reivindicações estavam a troca do atual Presidente de Província por um de sua confiança, pedindo que o Império, controlado pelos Regentes dessem mais atenção ao Rio Grande do Sul.

De 1835 a 1839 houve a dominação de várias cidades rio-grandenses pelas tropas farroupilhas. Por meio de batalhas vencidas, o general Antonio de Souza Netto, ainda em campo de batalha proclama a República. Um dia após a proclamação, Bento Gonçalves é preso na batalha de Jacuí e enviado ao Rio de Janeiro, e em seguida vai para Salvador. Mesmo ausente, Bento Gonçalves foi declarado o Presidente da República Farroupilha em 1837. Com ajuda da maçonaria, consegue fugir e assumir a presidência da República recém fundada. Neste período os farrapos, Garibaldi e Davi Canabarro, invadem Santa Catarina e dominam a cidade de Laguna fundando a República Juliana. A guerra e a República Rio-Grandense se sustentaram com a produção gaúcha, que era escoada pelo porto de Montevidéu, como se fosse uruguaia, entrando desta forma no mercado brasileiro.

Entre 1840 a 1842, houve uma estabilização da guerra. O governo central não mantinha os seus exércitos no Sul, uma vez que enfrentava outras rebeliões. Em 1843, registrou-se a decadência farroupilha, pois o governo Imperial pode concentrar-se apenas no sul do País, pois já havia acabado com as outras revoltas do período.

Em 1845 os farrapos aceitam a "paz honrosa", que atendia muitas das suas antigas reivindicações. Foi concedido às elites o direito de escolherem o seu presidente; as dívidas seriam pagas pelo governo central; os generais farrapos poderiam passar para o exército brasileiro com os mesmos postos que ocupavam nas forças rebeldes; garantia o direito de propriedade e a segurança individual; os prisioneiros de guerra seriam soltos; iria para 25% a taxa sobre a entrada do charque uruguaio no mercado brasileiro; o governo reconheceria a liberdade dos escravos que serviram como soldados.

Referência:

PESAVENTO, Sandra Jatahy. A Revolução Farroupilha. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1990 (Coleção: Tudo é história 101)

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