Recebe o nome de Império de Axum o antecessor natural do Império da Etiópia, que existiu por volta do século IV a.C. até o primeiro século da atual era. Este, por sua vez, foi o sucessor de um reino localizado na Eritreia e norte da Etiópia, conhecido como Diamat, que existiu por volta de 700 até 400 a.C. Como o próprio nome indica, a capital do reino estava localizada na cidade de Axum, bem ao norte do atual estado africano, famosa por ali ser apontado como o lugar onde é guardada por monges ortodoxos etíopes a Arca da Aliança.
A população local era coletivamente denominada habesha (adjetivo ainda popularmente utilizado entre os amharas, etnia predominante na Etiópia e que clama sua origem neste império em questão). Deste termo deriva o adjetivo abexim, que significa habitante da Abissínia, nome que a região manteve até o início do século XX, quando a monarquia etíope fez questão de que se referissem ao país oficialmente como Etiópia.
O império Axumita teve importância definitiva no comércio entre o Império Romano e o subcontinente indiano, servido de "ponte" para a troca de produtos entre o ocidente e o oriente. Prova da importância deste antigo reino africano é atestado pela cunhagem de inúmeras moedas de ouro e prata, durante a administração de vários monarcas locais, e que traziam inscrições em Ge´ez (a língua do império) e grego, prova de que este antigo estado tinha proeminência no comércio internacional de seu tempo (o grego era a língua preferencial para qualquer contato internacional). Foi aliás nesta época que se criou a escrita Ge'ez, ainda hoje utilizada, um dos poucos sistemas de escrita exclusivamente africano.
Ainda durante a existência do estado de Axum o povo etíope adotou a religião cristã, durante o reinado de Ezana (cerca de 320 da era Cristã), adaptando-a à sua realidade e tornando-a uma forma de identificação de sua nacionalidade. Apesar disso, a igreja ortodoxa etíope ficaria subordinada à igreja copta egípcia desde o início até 1959, quando finalmente estes dois ramos do cristianismo com seus ritos particulares se separaram. Antes de sua conversão ao cristianismo, o povo adotava uma religião própria que tinha nos elementos da natureza o alvo de seu culto (o símbolo desta religião aparece nas moedas do reino, uma lua crescente, com as pontas para cima). Uma porcentagem considerável dos súditos de Axum cultuava ainda o judaísmo, praticado na Etiópia atual por menos de 1% da população total.
Axum chegará ao fim devido à expansão muçulmana e a pressão de reinos vizinhos. A população do Império foi forçada a se isolar no interior de seu território, causando consequente declínio de sua cultura e comércio, apagando aos poucos os traços desta distinta sociedade. O Império Axumita seria sucedido pelo Estado constituído pela dinastia Zagwe, que floresceu por volta do século XI.
Bibliografia: HIRST, K. Kris. Aksum of Ethiopia (em inglês). Disponível em
Ancient Ethiopian City of Aksum or Axum - Rise & Decline (em inglês). Disponível em
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