Recebe o nome de "skinhead" (cabeça raspada, em inglês) uma subcultura urbana surgida no fim dos anos 60 na Inglaterra. Os skinheads são produto de outra subcultura, os "mods", (abreviação para modernistas), caracterizados por andarem em lambretas, escutar música negra norte-americana, (rhythm blues, soul, etc.) ou jamaicana (ska) e andarem em roupas alinhadas (terno e gravata), um visual muito peculiar (a banda The Who surgiu em meio ao movimento mod britânico, por exemplo).
Com o tempo, os mods se dividiram em uma turma mais refinada, intelectual, "cool", que daria origem ao movimento psicodélico, e outra corrente, mais proletária, popular, denominada "hard mods" que exagerava o visual simples do mod, deixando o cabelo cada vez mais curto, passando a usar botas e suspensórios, símbolo da classe trabalhadora na Inglaterra. O ska, que estava se transformando em rocksteady, e logo após em reggae, foi se tornando a trilha sonora popular entre os hard mods.
Esses hard mods frequentavam os bailes de reggae, onde se misturavam com a comunidade jamaicana e aos poucos foram ficando famosos pela confusão que provocavam nas ruas e nos estádios de futebol. A imprensa logo batiza a nova cultura como skinhead, nome que os próprios acabaram por assumir. Os skinhead original era alheio a questões políticas, e tampouco era o tipo racista, pelo simples fato de muitos deles serem negros. Os skinheads estavam apenas preocupados em curtir um som, com seu próprio visual e criar confusão nos estádios, ruas e com os hippies e gangues de motoqueiros.
No começo dos anos 70, o movimento skinhead entrou em crise e quase se extinguiu, devido ao surgimento de movimentos mais modernos como o Suedehead ou os Bootboys. Os tempos eram outros, e muitos dos integrantes dos grupos originais foram ficando mais velhos e abandonando o movimento. Em 1977, porém, com a explosão da música punk, surgiram novos skins e alguns voltaram à cena, sendo que alguns misturaram elementos punk ao visual, e outros permaneceram fiéis às características originais da cultura.
Em 1978, como o movimento mod, o punk se divide em uma tendência mais intelectual, artística (new wave, góticos, etc.) e outra corrente segue o lado mais físico, agressivo e suburbano do punk (os street punks). Os tradicionais chamavam estes novos skinheads de "punks carecas", sem noção alguma das origens do movimento.
No fim dos anos 70, surge um movimento de retorno às raízes da cultura skin, o chamado "2Tone" (dois tons, em inglês, referência ao negro e o branco, simbologia flagrantemente anti-racista). As bandas surgidas deste movimento faziam um resgate dos antigos sucessos de ska e reggae, e lançavam novas composições inspiradas no antigo som. É por volta desta época que a National Front (partido nazista da Inglaterra) se aproximou dos skins mais humildes e ignorantes, surgindo daí a corrente de skinheads com orientações de extrema-direita, os skins nazistas.
Os Skins nazistas, que povoam as manchetes de jornais no Brasil, em geral usam visual diferente, curtem som diferente (puxado para o Hard Rock) e frequentam baladas diferentes. São uma minoria dentro da cultura e da longa história do movimento skinhead, que, apesar de nascido alheio à política e questões racias, surgiu de uma união entre culturas, em especial a branca inglesa e a negra jamaicana.
Bibliografia: HARDY, David. Movimento Skinhead. Disponível em
AITKEN, Laurel. Skinhead. Disponível em
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