O narrador não confiável é aquele que tem a sua credibilidade comprometida, seja por mentir ou por apresentar uma sanidade mental questionável. Ao contar mentiras, ocultar informações o narrador não age em conformidade com as normas narrativas da obra. Porém, é difícil mensurar se o leitor realmente entende todas as normas, afinal, a contradição do narrador só pode se dar em contraposição ao entendimento que o leitor tem daquele mundo ficcional.
Desta forma, considerar uma narração como não confiável pode se configurar como uma espécie de estratégia do leitor que direciona ao narrador toda e qualquer discrepância interpretativa. Por isso, para se questionar a credibilidade do narrador é preciso questionar também o entendimento individual de cada leitor.
Para contribuir com a classificação de um narrador como não confiável, alguns estudiosos levantaram alguns sinais aparentes que o leitor precisa notar:
O procedimento do narrador não confiável contribui para que as obras mantenham o caráter de suspense ao narrar as ações de forma imprecisa ou de forma incorreta. O leitor fica aguardando em que momento a narrador será desmascarado por algum personagem ou em que ponto da trama ficará evidente que as fontes usadas pelo narrador são falsas ou mentirosas.
No âmbito literário, muitos são os exemplos de autores que criam narradores não confiáveis: O Assassinato de Roger Ackroyd, de Agatha Christie; A consciência de Zeno, de Italo Svevo; Estranha presença, de Sara Waters e As aventuras de Pi, de Yann Martel.
Além da literatura, o recurso narrativo não confiável aparece em inúmeras produções de variados gêneros:
Narrando em primeira pessoa, o narrador não confiável assume uma proximidade muito grande com as personagens e as ações por elas desenvolvidas; o que, por si só, deixa o leitor/público permanentemente atento e desconfiado.
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