O termo ode é de origem greco-latina e designa as composições poéticas destinadas a serem cantadas ou declamadas, com o acompanhamento de instrumentos musicais. Por isso, a ode pode se referir a qualquer tipo de canto, em suas variadas categorias: alegre, triste, fúnebre, religioso, bélico, mágico, hino.
Com o passar do tempo, porém, a ode adquire nova conceituação e passa a ser uma poesia rimada, abordando apenas temáticas consideradas nobres; começa a ser escrita em forma de dedicatória. A homenagem na ode é um pretexto para se narrar os sentimentos considerados sublimes, como a exaltação de pessoas importantes, e para celebrar ocasiões especiais, festividades, funerais ou eventos públicos.
Elaborada em estofes, trazendo à tona a formalidade do tom da linguagem e do seu estilo, as odes acabam sendo um retrato praticamente fiel do enredo cerimonioso que elas narram. Divida em duas categorias, a ode pode ser pública ou privada; a primeira abarca as festividades já mencionadas; a segunda celebra acontecimentos pessoais e subjetivos.
As odes mais antigas que se tem registro são atribuídas à Safo, famosa poetisa grega. Suas composições são uma construção subjetiva dos próprios sentimentos. Outro compositor de destaque é Alceu que aborda em suas odes o modo de vida da cidade e as festas.
No que diz respeito à estruturação formal das odes (estrofe, antítrofe e epodo), os poemas de Píndaro são o destaque e sua produção é notadamente voltada para a categoria pública.
O processo de latinização do gênero acontece a partir da produção do ilustre poeta romano, Horácio, que estabelece características próprias ao gênero contribuindo com a categoria privada e pessoa.
Os dois estilos de ode (pindárico ou horaciano) ganham importância entre os poetas europeus. Países como França, Alemanha, Itália, Portugal e Inglaterra produzem vasto material para o estudo da ode. Além de retomar a tradição da Antiguidade, os poetas modificam e aprimoram o gênero, principalmente os poetas da Arcádia Lusitana.
Durante o período do Romantismo, as odes são pouco exploradas pelos escritores, porém, artistas como Antero de Quental não deixam que elas caiam no esquecimento publicando, em 1865 as Odes Modernas.
Entre os poetas Modernos, as odes adquirem nova roupagem formal e as suas temáticas são atualizas para refletir o momento atual. São destaques do que se pode chamar de ode contemporânea os poetas Eugénio de Castro, Miguel Torga e Fernando Pessoa, pela voz de seus heterônimos Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Interessante é notar que todos são poetas portugueses e, ainda que o gênero ode tenha ganhado o mundo, a literatura portuguesa parece que se preocupa em assumir a função fundamental na manutenção e divulgação da ode na atualidade.
Referência:
LADEIRA, Ana. Ode. E-Dicionário de termos literários de Carlos Ceia. Disponível em:
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