O nomadismo é uma forma de vida que esteve presente nos grupos humanos, especialmente antes da Revolução Agrícola. É uma prática humana de grupos que, ao invés de viverem fixos em um só local, espalham-se pelo território à procura de alimento. Sua caminhada gira em torno dos recursos naturais disponíveis: quando estes se esgotavam, moviam-se para outros locais. Entre 1 milhão de anos e 10 mil anos a humanidade viveu de forma nômade.
Embora se compreenda que não é possível definir uma relação hierárquica entre os grupos nômades e os grupos sedentárias, é possível definir que a partir da vida fixa houve um aumento populacional, pois, as vidas nômades são mais instáveis no acesso à alimentação. Assim, a pré-história foi um período de grande incidência do nomadismo.
Os nômades viviam da caça de animais e da coleta de frutos da natureza. Porém, ao longo do tempo, homens e mulheres foram desenvolvendo diferentes técnicas para suas atividades. Desta forma, se inicialmente caçavam pequenos animais, com o desenvolvimento de novas técnicas e utensílios passaram a caçar animais maiores, que auxiliavam na manutenção e sobrevivência do grupo.
Em nossa sociedade atual é comum o estabelecimento de juízo de valor em relação aos grupos nômades, entendendo-os como menos racionais e, portanto, menos evoluídos. Entretanto, é preciso questionar esta linha de pensamento que atribui o domínio da natureza, ou seja, o domínio da natureza pela atividade humana, como um marco da racionalidade humana. Ora, é preciso compreender que mesmo as sociedades nômades utilizavam de racionalidade para desenvolver técnicas de caça e coleta, desenvolver instrumentos e habilidades para sustento e convivência em grupo, enfim, possuíam inteligência e raciocínio lógico.
Ao passo que os grupos foram tornando-se sedentários foram também se tornando dependentes do trabalho coletivo. Seriam, portanto, os nômades mais livres que os sedentários? Embora os grupos nômades não tenham criado um sistema complexo de relações de trabalho, suas vidas eram pautadas pelas condições climáticas, pelo ritmo e necessidades do grupo, pela incidência de animais, dentre tantas outras questões. A liberdade, portanto, era também bastante limitada.
Por não terem deixado bens materiais há uma interpretação errônea de que se tratavam de povos sem cultura. Entretanto, arqueólogos afirmam que suas vidas não giravam somente em torno da caça e da coleta ou das atividades com fim único da sobrevivência. Existiam formas de convívio social, lazer e rituais que marcavam a vida destes homens e mulheres.
Há 10 mil anos iniciou-se a atividade agrícola, que se espalhou pelo mundo. A agricultura possibilitou a vida sedentária, o aumento populacional e o cultivo de alimentos que sustentavam um grupo durante todo o ano. A necessidade de cultivo fez com que se tornasse necessário o domínio dos rios e a construção de obras públicas, o que ocasionou em uma Revolução Urbana.
O nomadismo foi a primeira forma de sobrevivência da humanidade, mas que durou milhares de anos e não deixou de existir com o início da agricultura. Os primeiros humanos surgiram em um ponto do continente africano, e, a partir dali, espalharam-se pelo globo. Mesmo a vida nômade passou por alterações significativas: inicialmente migravam com maior frequência em busca de água e comida. Com o desenvolvimento de técnicas e artefatos passaram a conseguir permanecer por mais tempo em uma determinada localidade e após cessarem-se os recursos, migravam novamente.
Referência:
PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2011
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