Os organoclorados também chamados de organocloretos são substâncias orgânicas e sua grande maioria são utilizadas no controle de pragas no setor agropecuário, também existem outras moléculas dentro dessa classe como alguns tipos de plásticos e até medicamentos ditos organoclorados que são aprovados e possuem segurança maior que as substâncias utilizadas como pesticidas em lavouras.
Os agrotóxicos organoclorados são os primeiros da lista de agrotóxicos mais utilizados seguidos dos organofosforados e dos carbamatos. Embora essas substâncias possuam sua importância para a produção agrícola e para a redução de doenças para animais e seres humanos a utilização desses compostos pode afetar o ecossistema devido sua bioacumulação, tendência de permanecer ativos no meio ambiente por longos períodos, oferecendo portanto, riscos para não somente a população exposta a esses agentes mas todo o ecossistema envolvido, já que estes compostos podem chegar aos oceanos via atmosfera (FLORES, 2004). Como estes compostos são substâncias persistentes no meio ambiente eles também podem gerar o processo de biomagnificação, onde uma espécie contaminada por esses agentes tendem a contaminar seus predadores tornando um ciclo de contaminação e atingindo várias camadas da cadeia alimentar. Devido aos processos de bioacumulação e biomagnificação a contaminação de ambientes antes não imagináveis é cada vez mais intensa e frequente, um exemplo é a detecção de um agrotóxico pertencentes ao grupo dos organoclorados, o DDT, na neve do Alasca, causando (FLORES, 2004).
Embora os organoclorados possuam grande eficiência no controle de pragas, eles são considerados poluentes ambientais e podem gerar problemas de saúde para os seres vivos que se exporem ao produto, sendo por esse motivo, proibido na maioria dos países (NUNES, 1998). Os riscos causados por esses agrotóxicos são na maioria dos casos de difícil detecção, pois se dão com a exposição crônica ou prolongada desses compostos, os efeitos genotóxicos são os mais sérios causados por essas substâncias, e devido o dano ser irreversível há atenção maior para esses quadros. Os casos de acidentes ocupacionais em muitos casos podem ser letais, trabalhadores que não utilizam corretamente os equipamentos de segurança individuais como máscara, roupa específica, luvas e botas podem ser intoxicados pela aspiração destes produtos ou até mesmo por contato com a pele, uma vez que estes compostos são extremamente lipossolúveis, facilitando sua absorção por diversos tecidos e dificultando a excreção destes compostos.
O Brasil é um dos maiores consumidores de produtos agrotóxicos em todo o mundo, perdendo apenas para países como Japão, Estados Unidos e o grupo de países formado pela União Europeia. Em 2017 o Brasil utilizou 539,9 mil toneladas de produtos tóxicos para controle de pragas o que equivale a US$ 8,8 bilhões cerca de R$ 35,60 bilhões de reais considerando a taxa de câmbio atual (R$ 4,05) segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e de acordo com a reportagem publicada pela Globo no site da G1. O clima tropical, quente e úmido, favorece o crescimento de inúmeras pragas nas lavouras em todo o país, o que causa danos e perdas excessivas de alimentos cultivados e prejuízo para a economia brasileira, pois boa parte destes alimentos são de exportação como no caso das commodities; milho e soja cujas quais o Brasil é um dos maiores produtores, gerando grande lucro para investidores agrícolas em todo o Brasil, esse é um dos motivos do Brasil ser um dos maiores consumidores de produtos agrotóxicos.
Bibliografia:
CALVA, L.; TORRES, M. Plaguicidas organoclorados. ContactoS, v. 30, p. 35-46, 1998.
CARVALHO, Wilson Andrade. Fatores de riscos relacionados com exposição ocupacional e ambiental a insecticidas organoclorados no Estado da Bahia, Brasil, 1985. 1991.
FLORES, Araceli Verônica et al. Organoclorados: um problema de saúde pública. Ambiente & Sociedade, 2004.
J R Coats (July 1990). "Mechanisms of toxic action and structure-activity relationships for organochlorine and synthetic pyrethroid insecticides"
MELO, Luisa. “Brasil usa 500 mil toneladas de agrotóxicos por ano, mas quantidade pode ser reduzida, dizem especialistas” G1. 2019. Acesso em 19/08/19. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2019/05/27/brasil-usa-500-mil-toneladas-de-agrotoxicos-por-ano-mas-quantidade-pode-ser-reduzida-dizem-especialistas.ghtml
NUNES, Mônica Vannucci; TAJARA, Eloiza Helena. Efeitos tardios dos praguicidas organoclorados no homem. Revista de Saúde Pública, v. 32, p. 372-382, 1998.
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